ARTIGO
Marcello Vernet de Beltrand*
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirmou que o ser humano vive um paradoxo entre segurança e liberdade. Segundo ele, ninguém pode ter vida digna e feliz sem ambos, pois segurança sem liberdade é escravidão e liberdade sem segurança é caos. Reflexão muito apropriada diante da verdadeira onda de bestialismo que bafeja com intensidade crescente a rotina dos brasileiros.
Já faz 30 anos que o Brasil recuperou a liberdade perdida para o estado de exceção. Entretanto, no período o brasileiro viu o sistema prisional afundar, testemunhou a crise da Justiça que não mantém na cadeia malfeitores, notou que o crime organizou-se e observou um sentimento crescente de anomia na sociedade. Anomia significa um estado de coisas “sem nome”, sem pai, sem lei, sem ordem. Se refere a um ambiente social carente de ordenamento e órfão de referências capazes de iluminar a caminhada civilizatória.
Alguns poderão dizer que esse quadro se aplica a qualquer país, uma vez que liberdade e segurança também são contradições mundo afora. Ora, pergunte-se a um viajante que esteve no Uruguai, Inglaterra, Japão e China (numa citação aleatória entre pequenos e grandes países), se o que vivemos hoje no Brasil encontra paralelo. A resposta é mais não do que sim.
O interessante é que desejamos usufruir as vantagens da liberdade, como votar, exercer direitos, ir e vir sem prestar contas, opinar livremente sobre tudo e todos. Queremos toda a liberdade possível, mas queremos fazer tudo em segurança. Aqui está o paradoxo de Bauman – o ser humano ainda não encontrou a solução para essa dualidade.
A dor vivida pelos brasileiros que têm tomado contato direto com a insegurança é apavorante. E não há matéria-prima maior para fazer crescer no coração dos brasileiros o sentimento de que a liberdade pode ser sacrificada. Isso somente não ocorrerá se as elites políticas, econômicas, tecnológicas, jurídicas e culturais assumirem seu papel ajudando o Brasil a balancear corretamente liberdade com segurança.
*JORNALISTA, CONSULTOR E MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirmou que o ser humano vive um paradoxo entre segurança e liberdade. Segundo ele, ninguém pode ter vida digna e feliz sem ambos, pois segurança sem liberdade é escravidão e liberdade sem segurança é caos. Reflexão muito apropriada diante da verdadeira onda de bestialismo que bafeja com intensidade crescente a rotina dos brasileiros.
Já faz 30 anos que o Brasil recuperou a liberdade perdida para o estado de exceção. Entretanto, no período o brasileiro viu o sistema prisional afundar, testemunhou a crise da Justiça que não mantém na cadeia malfeitores, notou que o crime organizou-se e observou um sentimento crescente de anomia na sociedade. Anomia significa um estado de coisas “sem nome”, sem pai, sem lei, sem ordem. Se refere a um ambiente social carente de ordenamento e órfão de referências capazes de iluminar a caminhada civilizatória.
Alguns poderão dizer que esse quadro se aplica a qualquer país, uma vez que liberdade e segurança também são contradições mundo afora. Ora, pergunte-se a um viajante que esteve no Uruguai, Inglaterra, Japão e China (numa citação aleatória entre pequenos e grandes países), se o que vivemos hoje no Brasil encontra paralelo. A resposta é mais não do que sim.
O interessante é que desejamos usufruir as vantagens da liberdade, como votar, exercer direitos, ir e vir sem prestar contas, opinar livremente sobre tudo e todos. Queremos toda a liberdade possível, mas queremos fazer tudo em segurança. Aqui está o paradoxo de Bauman – o ser humano ainda não encontrou a solução para essa dualidade.
A dor vivida pelos brasileiros que têm tomado contato direto com a insegurança é apavorante. E não há matéria-prima maior para fazer crescer no coração dos brasileiros o sentimento de que a liberdade pode ser sacrificada. Isso somente não ocorrerá se as elites políticas, econômicas, tecnológicas, jurídicas e culturais assumirem seu papel ajudando o Brasil a balancear corretamente liberdade com segurança.
*JORNALISTA, CONSULTOR E MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO
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