DAVID COIMBRA
Você prestou atenção nos alemães cantando o hino?
Devia ter prestado.
Há uma guerra de hinos nesta Copa. Os brasileiros cantam o hino a capela, os chilenos querem fazer o mesmo e os brasileiros não deixam. Os jogadores do Brasil não cantam o hino; berram-no, em especial o zagueiro David Luiz, imbuído de um fervor patriótico meio assustador. Teve uma menina de 12 anos que, perfilada em frente aos jogadores, gritou tão desvairadamente o hino que impressionou o capitão Thiago Silva, a ponto de ele postar numa rede social que aquilo, sim, era prova de amor à pátria.
Os franceses também fazem todos se arrepiar com a Marselhesa, assim como os ingleses com o God Save The Queen. Os americanos entoam seu hino fazendo continência, como se fossem soldados. Vi, pela TV, gente chorando na execução do hino de seu país.
Mas os alemães, não. Os alemães cantam discretamente seu hino nacional e vão para o jogo sem palpitações ufanistas. Você, que conhece um pouco de História, me diga: você sentiria medo, se os alemães cantassem o hino como David Luiz?
Decerto que sim.
Só que os alemães têm farta consciência dos efeitos do nacionalismo. Então, eles são moderados.
O curioso é que poucos países da Copa, na verdade poucos países do mundo respeitam seu cidadão como a Alemanha. Os alemães são bem cuidados pela Alemanha, e cuidam bem da Alemanha. Sem ardores, sem paixões alucinadas, sem achar que se ganha no grito.
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