JORNAL DO COMÉRCIO 08/10/2015
Juliano César de Lazari
A internet é um meio privilegiado para a pesquisa e para a defesa de princípios e propostas. Mas em muitos casos é usada para disseminar ideias superficiais. Noções sem alicerces precisos podem se tornar fontes problemáticas na construção de valores e de referenciais.
Uma análise atenta de opiniões e diálogos publicados em várias plataformas virtuais nos leva à identificação da presença frequente de críticas irrefletidas a ideias e a pessoas. Em muitos debates percebe-se a preocupação com a orgulhosa conquista da vitória, isto é: procura-se vencer a discussão apoiando-se em noções ou fatos muitas vezes fora de contexto e convenientes para que uma ideia seja avaliada como correta. Existem exceções. Contudo, é necessário condenar o hábito de generalizar partindo de fatos sem análise séria e sem descrição dos detalhes: a "popular" generalização apressada.
Um posicionamento expresso de forma categórica será verossímil se apresentar embasamento em fatos e em raciocínios concisos. As informações disponíveis na rede devem ser rigorosamente analisadas, comparadas e avaliadas. Ao criticar correntes de pensamento, instituições ou ideias é necessário apresentar fundamentações detalhadas, citar as fontes e examinar o contexto em que o fato ocorreu e no qual as interpretações foram construídas. Caso contrário, corre-se o risco de cometer erros e causar injustiças de difícil reparação.
Os espaços virtuais devem ser utilizados para o debate racional, responsável e permeado por esforços rumo à construção do diálogo honesto em que se respeita a alteridade. É preciso mobilizar os ensinos Básico e Superior para educar e promover o espírito analítico, a objetividade e a prudência.
Professor e mestre em Filosofia
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