O PIONEIRO 14 de novembro de 2014
DIOGO SALABERRY E PAULA VALDUGA
A manipulação no fotojornalismo e a desconfiança na era Photoshop
A revista American Photo Mag abordou a questão da manipulação fotográfica no jornalismo esta semana.
Moldada entre opiniões de fotógrafos e códigos de conduta retirados de agências, o que fica claro na matéria é que esta é uma época dura para a criatividade fotojornalística. Cada vez as limitações são maiores, assim como as exigências. Mas sobressair-se fica difícil quando técnicas amplamente aceitas se praticadas em filme são recriminadas se alcançadas através de meios digitais.
O que é comum nos discursos de empregados e empregadores é a necessidade da preservação do sentido original da cena, em especial através da proibição tanto da adição quanto da remoção de elementos da fotografia. Alterar o quadro com a manipulação de pixels ataca fortemente a ética jornalística.
Como forma de defesa de seu negócio os fotógrafos pedem pela confiança dos leitores, que devem acreditar que suas fotos são representações justas da realidade – apesar de não serem objetivas. A veracidade é a principal responsável pela valorização da imagem e quanto mais informações o leitor tiver sobre o processo de escolha e processamento de uma foto, mais autêntica ela vai parecer. Então mostrar claramente a forma de trabalho é a salvação contra a desconfiança da era Photoshop.
Entre as alterações de processamento ainda aceitas estão o corte para reenquadramento, o ajuste básico de tons, cores, saturação e luminosidade e a conversão para preto e branco. Ainda assim, se exageradas, mesmo essas mudanças podem ser consideradas abusivas.
Até que os profissionais entendam onde se encaixam e qual seu papel como contadores de histórias e que os consumidores de imagens saibam diferenciar entre as fotos de “ficção” e “não-ficção”, o medo de ser enganado por manipulações vai seguir colocando em risco o poder testemunhal da fotografia.
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