Empresário critica Conselhão de Tarso. Anton Bierdermann disse que órgão está nascendo “eivado de ideologia” - ALINE MENDES, ZERO HORA 24/05/2011
Escalado pelo governador Tarso Genro para compor o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Anton Karl Biedermann sequer chegou a tomar posse. Em correspondência enviada em fevereiro ao secretário executivo do Conselhão, Marcelo Danéris, o empresário alegou problemas de saúde. Motivos políticos, porém, também pesaram na sua decisão e só ontem vieram à tona.
Biedermann, que é presidente do Conselho Deliberativo da Federação das Associações Comerciais e de Serviços (Federasul), declarou que foi surpreendido pelo “viés ideológico” dos documentos oficiais do Conselhão, remetidos aos membros antes da posse:
– Foi distribuído um calhamaço de papel com regulamento interno e objetivos do Conselhão. Me causou grande impacto a ideologia constante e com toda força nesse documento de apresentação. Entendo que um órgão dessa natureza não pode nascer eivado de ideologia.
Assim que os conselheiros aceitaram o convite do governo para integrar o grupo, receberam pelo correio minutas do termo de referência, do regimento interno e a pesquisa da Fundação Getulio Vargas. A Zero Hora, Danéris se disse surpreso com os argumentos de Biedermann, que havia pedido desligamento do Conselhão no dia 10 de fevereiro, mas só agora decidiu tornar pública sua insatisfação. Declarou que o conselheiro justificou por escrito que deixava o grupo a “contragosto” por “expressa recomendação médica”. Segundo o secretário executivo do Conselhão, se Biedermann tivesse sugerido alguma alteração, provavelmente seria acatada.
– Como nenhum conselheiro vai abrir mão dos seus ideais, também não o governo. O governo vai colocar suas propostas, não vai ficar ali neutro como se fosse juiz de diversos lados, acima do bem e do mal – afirmou Danéris.
E ainda respondeu às críticas do presidente do Conselho Deliberativo da Federasul:
– Não era nenhum catatau, eram dois documentos, o termo de referência e o regimento interno.
No lugar do conselheiro, assumiu Bolivar Baldisserotto Moura, presidente do Conselho de Administração da Polo RS. O nome foi sugerido pelo próprio Biedermann.
“Me irritou muito o viés extremamente ideológico”. Anton Karl Biedermann, empresário e presidente do Conselho Deliberativo da Federasul
A seguir, trechos da entrevista concedida ontem pelo empresário Anton Biedermann, 86 anos, a ZH:
Zero Hora – Por que o senhor deixou o Conselhão de Tarso?
Anton Karl Biedermann – Primeiramente a saúde (cálculos biliares). Depois o desagrado.
Zero Hora – O que desagradou ao senhor?
Biedermann – No regimento interno, vem uma exposição muito grande, nem me lembro o teor inteiro dela. O que mais me marcou foi a afirmação de que Porto Alegre sempre liderou a luta contra o neoliberalismo, principalmente através do Fórum Social Mundial. Não me consta que Porto Alegre tenha sido líder de algum combate ideológico ou econômico em lugar nenhum do mundo (risos). Aquilo me irritou muito pelo viés extremamente ideológico, de extrema esquerda mesmo.
ZH – Algo mais o irritou?
Biedermann – Depois teve um artigo do governador. Na semana passada, aquele documento de concordância do governo com as 17 propostas do Cpers. Não pela concordância em si, mas pelo que estava escrito em alguns trechos, dizendo que a meritocracia, o que é uma inverdade, é também produto dos ideais neoliberais, mais ou menos isso. O pior de tudo é que nos 17 pontos tu não lês uma única palavra sobre a melhoria do processo educacional, que nós sabemos que está em plena decadência há muito tempo. Isso é muito irritante para quem tem interesse que as coisas evoluam neste Estado e neste país.
ZH – A postura do governo em relação ao Cpers também seria motivo para deixar o Conselhão?
Biedermann – Não sei se sairia ou se iria para luta. Mas a luta desse porte talvez seja inviável para mim, fisicamente. E com ideias tão radicais, tão opostas, tão atrasadas do lado de lá, isso me irrita profundamente. Quando tu tens ideias opostas, tudo bem, mas ideias atrasadas, superadas, já provadas que não funcionam, é terrível.
A PAZ SOCIAL É O NOSSO OBJETIVO. ACORDAR O BRASIL É A NOSSA LUTA.
"Uma nação perdida não é a que perdeu um governante, mas a que perdeu a LEI."
Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
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