Na defesa do respeito mútuo entre civis e militares - O GLOBO, 10/03/2011 às 18h15m. Paulo Oswaldo Boaventura Netto e Sandra Albernaz de Medeiros
Lemos a matéria sobre o documento do Comando do Exército, contrário à criação e atuação da Comissão Nacional da Verdade. Não podemos dizer, de fato, que seu teor nos surpreenda, quando há pouco tempo a turma da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) escolheu como patrono o general Emílio Garrastazu Médici, exatamente o ditador de plantão com maior responsabilidade pelas violências da ditadura, em seu sufocante período de governo (1969-1974).
Os autores do documento citam sete razões pelas quais se opõem às investigações sobre as violações direitos humanos durante os 21 anos de regime de exceção (1964-1985), a começar por dizerem que muitas pessoas que viveram aquele período já faleceram. Nós, que assinamos a presente, estamos bem vivos - como certamente deverão estar vivas as pessoas que as Forças Armadas querem a todo custo proteger, como os militares que torturaram e mataram, e que hoje em dia, se estiverem vivos, terão certamente altas patentes, embora provavelmente estejam reformados.
Com este tipo de corporativismo, as Forças Armadas certamente não ajudam a apagar da memória as manchas que alguns de seus membros lhes imprimiram. É o maior de todos os erros: solidarizar-se com bandidos, assassinos e torturadores, quando deveriam se preocupar não em evitar a "abertura de feridas", mas, pelo contrário, em lancetar os abcessos que lhes restaram, para poderem se apresentar diante do país como devem fazê-lo, como instituições dignas do respeito e da confiança de todos. Convém lembrar que "revanchismo" foi a palavra usada contra quem quisesse protestar, de qualquer forma, durante os "anos de chumbo".
Estas atitudes denigrem órgãos da maior importância para a população, como o foi, historicamente, o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (Para-Sar), cujo comandante, o capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o Sérgio Macaco, foi impiedosamente perseguido por se recusar a matar civis como peça da repressão, somente sendo reabilitado num governo passado, ainda assim depois de morto. Nunca é demais lembrar os exemplos positivos para nossa sociedade dos Corpos de Bombeiros, ou do Serviço de Busca e Salvamento da Força Aérea Brasileira (FAB), ou das unidades que atuaram na pacificação do Complexo do Alemão. Devemos a essas pessoas, que merecem o respeito e a admiração de todos, bem como à nação em geral, que o Brasil realize algo do que foi feito em diversos países da América Latina: a recuperação do respeito mútuo entre civis e militares na sociedade brasileira.
Há que se dizer que não se passa em brancas nuvens por um período tão triste e violento como a ditadura militar. É fundamental para um povo que ele tenha sua dignidade respeitada e isso só será possível se desenterrarmos esses fatos para que tenham seus lugares em nossa memória. A verdade é sempre uma construção e não será vedando os olhos e bocas que chegaremos a ela. Só com isso será possível guardar esses tristes fatos nas memórias dos cidadãos brasileiros.
A PAZ SOCIAL É O NOSSO OBJETIVO. ACORDAR O BRASIL É A NOSSA LUTA.
"Uma nação perdida não é a que perdeu um governante, mas a que perdeu a LEI."
Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
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