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domingo, 27 de março de 2011

A IMPORTÂNCIA DOS DETETIVES VIRTUAIS


DETETIVES VIRTUAIS- FRANCISCO AMORIM - ZERO HORA 27/03/2011

Ajuda extra a policiais e promotores

Para a Polícia Civil, em muitos casos, a apuração particular acaba sendo o pontapé inicial de novas investigações. A ajuda de ciberdetetives foi um dos temas abordados em um seminário realizado nesta semana na Capital, que reuniu advogados, delegados, peritos e juristas.

– Essas auditorias têm auxiliado o trabalho policial. São comuns em casos de fraudes bancárias, mas já recebi dossiê de 200 páginas sobre um caso de injúria. A partir daí pedimos as quebras de sigilo – explica o delegado Emerson Wendt, diretor do Gabinete de Inteligência da Polícia Civil e primeiro titular da Delegacia de Crimes Informáticos.

Para a advogada Carla Rahal, sócia de um escritório paulista que utiliza os serviços de ciberdetetives, os resultados têm sido positivos:

– É uma demanda muito grande. Crimes adormecidos, como calúnia e difamação de pessoas e empresas, ganharam novo impulso na internet – explica ela.

Segunda a delegada de Repressão ao Crimes Cibernéticos do Rio de Janeiro, Helen Sardenberg, as investigações privadas não acentuam rivalidades:

– Há competências exclusivas do Ministério Público e da Polícia Civil. Um perito particular não pode interrogar um suspeito. E isso faz parte de uma investigação completa. Respeitando os limites, o trabalho deles acaba contribuindo para o nosso.

A posição é compartilhada por quem atua na investigação privada. Fernando De Pinho Barreira, da Perfect Link, ressalta que há casos em que a polícia não precisa ser acionada, poupando recursos para outras investigações de fôlego.

Antivírus para os crimes na internet

O avanço dos crimes virtuais deflagrou uma reação na internet. Especializada em investigações de fraudes e ataques na rede de computadores, uma nova geração de detetives particulares lidera uma ofensiva contra os bandidos digitais. Apesar dos limites legais a investigações, cresce a procura pelos ciberdetetives, especialmente por empresas e bancos, os principais alvos dos hackers.

Esqueça a imagem do detetive particular que fotografa o alvo enquanto bafora um cigarro dentro do carro. O avanço dos crimes virtuais na internet levou à criação de uma nova geração de investigadores, os ciberdetetives.

Para seus clientes, rastreiam dados furtados de empresas e calúnias que se disseminaram nas redes sociais e descobrem quem publicou indevidamente fotos ou vídeos caseiros. Recentemente, duas investigações da Polícia Civil gaúcha contra hackers contou com o apoio de ciberdetetives contratados por instituições financeiras.

A nova geração de detetives surge com o crescimento de ataques criminosos na rede por meio de spams (só as fraudes bancárias aumentaram 6.513% entre 2004 e 2009, conforme o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil). Estudo realizado em janeiro pela Trend Micro, empresa especializada em segurança digital, apontou que 80% dos 6,9 milhões de spams que circulavam diariamente no Brasil continham códigos maliciosos para captura das máquinas ou instalação de vírus.

Prisões com auxílio de ciberdetetives

Diante desse cenário, os ciberdetetives particulares têm subsidiado investigações policiais. Entre 2009 e 2010, por exemplo, os detetives virtuais apoiaram investigações da 5ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre e da Delegacia de Crimes Informáticos, que levaram à prisão, por duas vezes, de uma quadrilha que agia contra correntistas do Banrisul e do Banco do Brasil.

– Quando precisamos de uma informação sobre determinado movimento do hacker, eles nos ajudavam – lembra o delegado Emerson Wendt, primeiro titular de delegacia especializada e atual diretor do Gabinete de Inteligência da Polícia Civil.

O ciberdetetive – que prefere ser chamado de perito forense digital – investiga os rastros deixados pelos criminosos na internet, como números de IPs (identificação das máquinas na internet), perfis em redes sociais e contas de e-mail.

– É uma investigação diferente. Quando uma informação é furtada, a gente checa como ela saiu da empresa. Se foi por um código malicioso instalado ou se foi um usuário que a copiou diretamente na máquina, por exemplo. Também posso seguir as pegadas virtuais de um difamador. É trabalho mesmo de detetive – diz Rodrigo Silva, 29 anos, que já trabalhou em empresas americanas especializadas em prestar serviços a instituições financeiras.

Jovens e com formação superior na área de Ciências da Computação, esses profissionais são recrutados por empresas de Tecnologia da Informação que cuidam da segurança de grandes empresas. Não raro, tomam à frente de suas diretorias. Alguns são formados em Direito e investem em empresas que atuam também na esfera jurídica, encaminhando as descobertas à Polícia Civil, ao Ministério Público ou ao Judiciário.

– As investigações podem ocorrer em dois momentos distintos: preventivamente (com o objetivo de evitar eventual ocorrência de crimes, principalmente em corporações e autarquias) e diante de um evento já conhecido, visando detectar a autoria e reunir as provas suficientes e válidas judicialmente – explica Fernando De Pinho Barreira, diretor da Perfect Link.

Vazamento de dados é crime mais comum

O crime mais investigado pelos ciberdetetives em empresas é antigo, mas ganhou uma versão online: o vazamento de dados, que tem gerado um maior número de processos por concorrência desleal. O hackeamento de páginas institucionais também é outra preocupação diária dos investigadores virtuais. E exige ação imediata: enquanto técnicos retomam o controle do site, outros buscam descobrir de onde ocorreu o ataque. Quando a vítima é uma pessoa física, os casos mais comuns também são calúnias, difamações e fraudes bancárias.

– É jogo de gato e rato. De um lado, os criminosos invadindo e tentando apagar suas pistas, de outro a gente monitorando sua fuga – resume Rodrigo Silva.

Nos bancos, os ciberdetetives investigam suspeitas de fraude, como saques indevidos por crackers que subtraem dados dos correntistas, geralmente, de suas máquinas domésticas.

– A gente desconfia de padrões. Uma transferência de valor incomum, de uma máquina diferente e em hora do dia não usual para determinado correntista pode indicar fraude – diz Marcelo Câmara, diretor de Prevenção a Fraudes da Federação dos Brasileira dos Banco (Febraban).

Limites da resposta a ataques

Uma tentação comum a quem foi atacado na rede é devolver a agressão pela rede. Seja ela uma difamação ou uma invasão de computador. Frear o impulso é importante, dizem os especialistas. Isso porque o mercado oferece tanto profissionais habilitados a investigações dentro da lei quanto o serviço de crackers.

– Por vezes, há uma má interpretação da vítima entendendo que o que lhe parece justo é também legal, o que pode levá-la a buscar a chamada vingança cibernética. Isso pode consistir de uma discussão através de e-mails ou comunicadores instantâneos e postagens em redes sociais até da perseguição cibernética do ofensor – explica Fernando De Pinho Barreira, diretor da Perfect Link.

Conforme o especialista em segurança de TI, esse comportamento – enquadrado como exercício arbitrário das próprias razões, delito previsto no artigo 345 do Código Penal – transforma a vítima em réu. O alerta também é feito por Erasmo Guimarães, especialista forense digital e diretor da IT Versa:

– É preciso conhecer os limites jurídicos para que a prova não seja comprometida em uma ação ilegal.

Para evitar riscos decorrentes de um perito que pode usar técnicas ilegais, uma das alternativas sugeridas por especialistas é a contratação de um empresa por meio de escritórios de advocacia especializados no tema.

– Não tenho visto abusos nesse sentido em empresas sérias – avalia Lúcia Tucci, que integra a Comissão de Crimes de Alta Tecnologia da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP)

O perfil do detetive tradicional

- Geralmente, é ex-policial ou policial aposentado, mas há quem tenha feito até curso por correspondência

- Segue o investigado em campanas e produz provas a partir de fotografias e escutas ambientais (que só tem validade jurídica quando são autorizadas por um dos interlocutores gravados)

- Os autônomos têm como clientes casais em litígio devido a infidelidades

- Os que trabalham em empresas têm como foco a investigação de vazamento de informações por funcionários

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