Toda sociedade agredida por uma grande tragédia necessita aliviar seu sofrimento e dor através da busca de culpados. Até mesmo no recente cataclismo japonês não faltaram aqueles que responsabilizaram a intromissão humana no meio ambiente como principal agente causador do fenômeno. De pouco adiantaram as explicações de respeitáveis geólogos dizendo que a raiz do problema eram as acomodações das placas tectônicas, pois, como a natureza é impalpável e inatingível, torna-se um alvo desinteressante, uma vez que nos obriga a aceitar a força do acaso e do aleatório.
Neste recente episódio em que um indivíduo com comportamento psicótico matou e feriu dezenas de crianças no Rio de Janeiro, esse padrão de reparação coletiva por meio de caracterização de um motivo explicável foi fortemente perseguido nas entrevistas e reportagens veiculadas pela mídia, eletrônica e escrita. Como o agente morreu no evento, perdeu-se a oportunidade de entendermos melhor o porquê, que só ele realmente poderia revelar, sendo que nos sobraram apenas as conjeturas.
Frustrados na expectativa de obtermos uma confissão, somos levados a mudar o foco da nossa indignação. Pouco importa que nas escolas públicas do Rio não haja porteiros nem guardas, o que é necessário é um controle maior das armas, mesmo sabendo-se que temos a mais rígida legislação sobre o assunto da América Latina. Pouco importa que o atirador, sem idade para a aquisição legal de arma de fogo, as tenha obtido no mercado negro, disponível nas diversas favelas cariocas onde a polícia não se atreve a entrar. Pouco importa se não temos acesso psiquiátrico facilmente disponível no nosso sistema de saúde para a prevenção de um surto esquizofrênico dos doentes latentes. Sim, pouco importa também que, para piorar a impunidade reinante, menos de 10% dos homicídios no Brasil sejam esclarecidos. O que importa é que, como a culpa da dona Maria ser gorda é da sua colher de prata, devemos escondê-la a qualquer preço. Quanto tempo ainda conseguiremos manter essa postura hipócrita antes que os verdadeiros motivos da ocorrência de crimes como esse nos afrontem desaforadamente, fortalecidos pela nossa inércia. Pelo que deixei de participar e fazer, sinto-me culpado, e por isso peço que essas crianças me perdoem.
JOÃO ELLERA GOMES, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO - ZERO HORA 09/04/2011
A PAZ SOCIAL É O NOSSO OBJETIVO. ACORDAR O BRASIL É A NOSSA LUTA.
"Uma nação perdida não é a que perdeu um governante, mas a que perdeu a LEI."
Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
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