PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Pesadelo para os gaúchos
A notícia da queda de 1,8% no PIB gaúcho no primeiro trimestre deste ano deve acender uma luz amarela no Palácio Piratini. Porque, embora o discurso seja de que PIB e arrecadação não são irmãos siameses, e o governo até mostre que a arrecadação tem crescido mais do que o PIB, é evidente que uma desaceleração da economia terá impacto negativo nas contas públicas.
Os efeitos perversos só não terão maior impacto no ritmo das obras públicas, na qualidade dos serviços e na vida dos gaúchos porque o governo tem um colchão para amortecer a queda. Esse colchão, formado por empréstimos do BNDES e do Banco Mundial, é o que garantirá a realização de investimentos. Se dependesse apenas dos recursos da arrecadação de impostos, o investimento ficaria próximo de zero, porque o Rio Grande do Sul gasta mais do que arrecada.
Os dados da Fundação de Economia e Estatística traduzem os efeitos da estiagem. O tombo da agropecuária, motor da economia gaúcha, foi de 27% em comparação com o primeiro trimestre de 2011. Os gaúchos têm bem presente o que a seca representou para as finanças públicas durante o governo Rigotto. Neste ano, os reflexos já foram sentidos na indústria, que cresceu apenas 0,9% no trimestre, com altos e baixos, dependendo do setor.
Desde o final do ano passado, o governo vinha trabalhando com a ideia de um desempenho do PIB gaúcho superior ao nacional. Os números da FEE jogaram água fria no ânimo dos otimistas e ressuscitaram a preocupação com o pagamento das contas do Estado – não neste ano, que já passou da metade, mas em 2013, com os aumentos salariais já aprovados e que estão entrando em vigor aos poucos. A cada nova previsão divulgada, o PIB brasileiro vai ficando um pouco menor. E o Rio Grande do Sul não tem nada que possa transformá-lo na exceção, ainda mais em um ano de queda na produção primária.
Ao tombo do PIB, soma-se outro dado preocupante para os gaúchos – e que ajuda a explicar o mau desempenho da economia: as exportações do Estado fecharam o primeiro semestre com queda de 8,1% em comparação ao mesmo período do ano passado.
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