INFORME ESPECIAL | TULIO MILMAN
Hugo Chávez fala depois de morto. Fala alto, grita.
O frenesi gerado pelas exéquias do líder bolivariano é um tratado sobre a Venezuela e sobre a América Latina. Milhões de pessoas esperando 12 horas na fila. Essa é a moldura. O fato se alimenta em raízes profundas e antigas que bebem no nosso jeito de ser. Hugo Chávez construiu elos inquebráveis com grande parte das massas populares do seu país. A receita é antiga, mas ainda funciona:
1. Escolha um inimigo poderoso.
2. Faça o povo pensar que ele está no centro da ação política.
3. Discurse por horas a fio.
4. Mitifique-se.
5. Mude a lei para se manter no poder.
Chávez e o chavismo são uma luz vermelha para a democracia.
E democracia não é sinônimo de voto. São inúmeras as ditaduras que se camuflam promovendo pseudoeleições. No Brasil, mesmo no período mais crítico do regime militar, o povo era autorizado a escolher entre a Arena e o MDB. Desde que a Arena ganhasse.
Democracia se faz com instituições fortes, independentes, combativas. Judiciário, Parlamento, Imprensa, Ministério Público, Defensoria, Partidos Políticos. Todos com letras maiúsculas.
Projetos de poder alicerçados em semideuses são apenas atestados de incompetência e de atraso. E se alguém achava que Hugo Chávez se calaria depois de morto, uma má notícia: o rei Juan Carlos, da Espanha, que ainda está vivo, vai se calar antes dele.
*Com Gabriele Branco
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