Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

PEQUENA LIÇÃO DE LIBERDADE

ZERO HORA 19 de fevereiro de 2013 | N° 17348


EDITORIAIS


Foi emblemática a reação da blogueira e dissidente política Yoani Sánchez ao desembarcar no Brasil e ser recebida por manifestantes favoráveis ao regime cubano, que gritaram palavras hostis e lançaram dólares falsos na sua direção. Com a mesma serenidade com que recebeu a permissão para sair de Cuba depois de 20 tentativas frustradas, ela comentou: “Gostaria que as pessoas em meu país pudessem fazer o mesmo e tivessem essa mesma liberdade para se manifestar”. Goste-se ou não do que ela faz e representa, é inquestionável que seu comentário contém uma pequena lição de liberdade, além de ser um tapa de luvas no autoritarismo de quem se julga detentor da verdade única.

O direito de livre manifestação e o direito de ir e vir são princípios basilares da democracia. Ao negar essas prerrogativas a seus cidadãos durante tantos anos, o socialismo cubano comprometeu até mesmo avanços sociais inegáveis, como a oferta de educação e de um sistema qualificado de saúde a todos os cidadãos do país. Crítica implacável do regime de Fidel Castro e de seu sucessor Raúl Castro, a jornalista Yoani Sánchez conquistou prêmios internacionais por suas publicações no blog Generación Y, que mantém desde abril de 2007. A tecnologia e o acesso à rede mundial de computadores deram amplitude à sua luta por abertura política. Embora o regime tenha imposto um filtro que impede o acesso do blog por cidadãos cubanos, os textos de Yoani já são traduzidos para 15 países e representam um contraponto para a imprensa oficial.

A pressão externa teve efeito sobre o governo cubano, que começou a afrouxar as restrições para seus cidadãos saírem da Ilha. Desde janeiro último, como parte da chamada reforma migratória, os cubanos não precisam mais de uma carta-convite de parentes ou amigos residentes no Exterior para justificar suas viagens. Neste novo cenário, Yoani conseguiu o visto de saída e começou esta semana um roteiro que inclui, além do Brasil, Argentina, Chile, México e vários países europeus. Ao chegar a Recife, ela enfrentou a primeira manifestação por parte de um grupo de socialistas que leram uma carta aberta, acusando-a de pregar a desinformação e de fazer campanha anti-Cuba em seu blog. Em Salvador, cerca de duas dezenas de pessoas ligadas a ONGs de esquerda também a hostilizaram. Sua resposta elegante repete a frase célebre de um dos maiores poetas da terra que visita, o inesquecível Vinicius de Moraes: “O destino do homem é a liberdade”.

A viagem de Yoani Sánchez tem este significado para ela e para Cuba. Não representa apenas um questionamento do regime, mas também, e principalmente, a possibilidade de uma abertura irreversível que beneficiará todos os cubanos e facilitará as relações do país com as demais nações. É uma viagem para a liberdade e, como disse Albert Camus, liberdade é sempre a possibilidade de ser melhor.


ZERO HORA 19 de fevereiro de 2013 | N° 17348

DIRETO DE CUBA
No Brasil, Yoani Sánchez é recebida com protestos. Reação da cubana foi dizer que viu a manifestação como “um banho de democracia e pluralidade”


A blogueira e ativista cubana Yoani Sánchez foi recebida com protesto por um grupo de cerca de 20 pessoas no aeroporto internacional de Recife, na madrugada de ontem, enquanto outras pessoas, acompanhando o documentarista Dado Galvão, deram-lhe as boas vindas. Yoani desembarcou no portão norte do aeroporto e foi seguida pelos manifestantes. Eles leram uma carta na qual diziam que o blog dela desinforma e faz campanha anti-Cuba. Também jogaram dólares falsos na sua direção.

Oprotesto aparentemente não aborreceu a blogueira. Ela disse que gostaria que em seu país as pessoas pudessem fazer o mesmo.

– Foi um banho de democracia e pluralidade, estou muito feliz e queria que em meu país pudéssemos expressar opiniões e propostas diferentes com essa liberdade – disse.

À noite, em Feira de Santana (BA), as hostilidades recrudesceram. Um documentário dirigido por Galvão, Conexão Cuba-Honduras, em que Yoani é entrevistada, não pôde ser exibido devido aos protestos. Em vez da projeção do filme, houve um debate com os militantes. Vaiada, a cubana falou por 15 minutos.

Servidor federal recebeu um CD sobre a blogueira

A visita é a primeira de uma série de viagens que começa pelo Brasil e levará Yoani também a Espanha, México, Estados Unidos, Alemanha e Peru, entre outros. Nos últimos cinco anos, Yoani recebera mais de 20 recusas para viajar ao Exterior.

– É uma vitória limitada, porque a reforma migratória de Cuba ainda não contempla a possibilidade de entrar e sair da ilha como um direito – disse a blogueira.

Quanto ao suposto envolvimento de um servidor da Secretaria-Geral da Presidência em dossiê contra Yoani, nota da secretaria diz que o servidor recebeu, na embaixada de Cuba no Brasil, um CD com informações. Diz, contudo, que ele não usou os dados. Reportagem da revista Veja afirma que integrantes do governo articularam plano de espionagem e pedido de divulgação do dossiê contra Yoani. Os dados teriam sido distribuídos a militantes de esquerda. Entre eles, estaria Ricardo Poppi Martins, funcionário da secretaria.

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