Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O OUTRO E A SOCIEDADE FRUSTRADA



JORNAL DO COMERCIO 06/11/2013


Miguel Tedesco Wedy


As manifestações em todo País desvelam a explosão de insatisfação contra uma ordem incapaz de atender às demandas sociais. Uma ordem que é incapaz de prestar serviços públicos com qualidade. Vejamos a realidade como ela é. Quem possui condições paga uma escola para o seu filho e um plano de saúde para sua família. Recebe uma contraprestação estatal pelos tributos que paga? Quando muito uma segurança pública deficiente, um poder Judiciário assoberbado de demandas, em decorrência da ineficiência estatal, bem como estradas e ruas em má situação de conservação e inseguras. E os cidadãos que não podem pagar por uma escola ou um plano de saúde? E o outro, que passa pelo nosso lado e anda de ônibus de péssima qualidade, que não possui creche para o filho, que estuda em escola pública decadente, em que o professor sequer recebe o piso salarial do magistério, que espera na fila do SUS e vê o pai, o filho ou a mulher morrerem sem atendimento?

Esse outro, e não só ele, olha para a política e vê políticos sustentados pelo dinheiro de empresas que depois da eleição vão cobrar a fatura. Esse outro, e não só ele, vê o saque do Estado por determinados grupos e pessoas, que se locupletam pelo tráfico de influência, vê o enriquecimento meteórico e ilícito de determinadas figuras públicas, vê a inércia dos gestores, reféns desses interesses, coalizões e acordos, vê privilégios inadmissíveis no século XXI, como se houvesse cidadãos de categorias diferentes. Porém, esse outro, e não só ele, vê a força da democracia que permite tais manifestações. Que os detentores do poder tenham a sensibilidade para encontrar dentro da democracia novos espaços de diálogo e de verdade. E que coloquem a preocupação com o outro no centro dos seus problemas. No fundo, bem lá no fundo, o que nos falta é isso, para todos nós, a valentia de nos sacrificarmos pelo outro.

Advogado criminalista e professor da Unisinos

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