Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

OS INVISÍVEIS DA SOCIEDADE




ZERO HORA 04 de outubro de 2013 | N° 17573

ARTIGOS

Carlos Eduardo Richinitti*


O Brasil é um país marcado por flagrantes e tristes desigualdades sociais. A verdade impactante é que boa parte da nossa sociedade é formada por pessoas inexistentes, tratadas apenas como número, importantes apenas na hora do voto e, para cooptá-las, achou-se a fórmula mágica: distribui-se, com nome de bolsa, dinheiro, tal qual esmola que só faz bem mesmo para quem dá.

A deficiência estrutural dos serviços públicos básicos, como saúde, transporte e educação, decorre do fato de que quem invariavelmente os utiliza são os sem voz. Estes, incapazes de demonstrar a indignação que provoca a mudança, penam com o sofrimento e a injustiça produzida pelo descaso.

Esperar, doente, por dias em uma maca depositada no corredor de um hospital a salvação de um leito é obra de ficção aterrorizante para os que têm condições de, pagando pela saúde de forma privada, proteger-se contra a ineficiência do Estado. Fosse o contrário e estivéssemos todos no mesmo barco, não tenho dúvidas, haveria bem mais e melhores hospitais.

Os jornais estampam a indignação dos usuários de automóveis contra os irritantes engarrafamentos, produto que são da incompetência e falta de visão de futuro do modelo brasileiro, que sempre privilegiou o transporte privado em detrimento do coletivo. No entanto, a maior parte da população madruga para trabalhar, submetendo-se a um sistema de transporte absolutamente precário, insuficiente e, por que não dizer, humilhante.

Ouvi, recentemente, de um estudioso, a mais definitiva e verdadeira análise do sistema educacional brasileiro. Dizia o especialista que a escola pública, referência de excelência até metade do século passado, perdeu qualidade justamente no momento em que os mais abastados migraram para o sistema privado, simplesmente porque a falta de cobrança dos que têm voz ensejou a desestruturação da educação pública, hoje destinada basicamente aos inaudíveis.

Nossa sociedade, composta por um grande contingente de invisíveis, é extremamente injusta, causando a milhares privações e sofrimentos incompatíveis com o potencial do país. Pena que a maioria de nós só se dá conta disso quando parte desse exército, formado por pessoas embrutecidas, entre outros motivos, pelo descaso, vem cobrar sua parcela da riqueza nacional valendo-se do som ensurdecedor e quase sempre mortal do estampido de um revólver.


*JUIZ DE DIREITO

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