Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

sábado, 17 de janeiro de 2015

DE OLHO NOS VIGIAS


ZERO HORA 17 de janeiro de 2015 | N° 18045


RODRIGO MÜZELL


Ainda sob o impacto dos ataques em Paris, na semana passada, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, deu uma ideia para combater o terrorismo: banir os programas de mensagens pelo celular como o WhatsApp.



É, proibir mesmo. O argumento é simples: esses aplicativos de celular para trocar mensagens de graça codificam os textos, tornando impossível que o serviço de inteligência intercepte mensagens. “Vamos permitir um meio de comunicação que é impossível lermos? Não podemos”, disse Cameron.

Perder algo divertido como o WhatsApp apavorou muita gente. Mas algo incomoda muito mais do que não poder passar o dia trocando fotos e piadas de salão com amigos. É o fato de um governo não aceitar a existência de algo que não pode controlar. Nem mesmo algo tão pueril como um programinha para mandar emoticons à namorada.

Na ficção, a possibilidade de um futuro com pessoas vigiadas por quem deve protegê-las foi analisada à exaustão. Do icônico 1984 – aquele do Big Brother original – até o recente campeão de bilheteria Jogos Vorazes. Neles, estejam em uniformes opacos ou collants de vidrar adolescente, os heróis têm sempre a mesma missão: livrarem-se de governos opressores.

Os futuros distópicos da ficção têm um ingrediente em comum – só um, que nunca varia. É o medo. Seja da guerra nuclear, da natureza enfurecida, de computadores ambiciosos; de macacos, zumbis ou terroristas. O pavor faz brotarem regimes e morrerem liberdades individuais. Esqueça a fantasia e lembre de qualquer ditadura da vida real, sempre prometendo defender o povo de uma ameaça até se tornar a própria.

Não me tomem por paranoico. À diferença dos filmes, não parecemos estar sendo enganados para correr aos braços do Estado em busca de proteção. Duvido inclusive que o WhatsApp seja mesmo proibido – imaginem quantos votos jovens Cameron perderá nas próximas eleições. O problema é o incômodo de perceber que não só devemos temer quem nos ameaça, mas também ficar de olho em quem nos protege.



 Jornalista, editor de Notícias/Digital

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