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domingo, 11 de janeiro de 2015

REAÇÃO FRANCESA CONTRA O TERRORISMO



ZERO HORA 11 de janeiro de 2015 | N° 18039


ENTREVISTA

“A reação está à altura do momento histórico”



EDUARDO CYPEL, Deputado socialista francês

Natural de Porto Alegre, o deputado francês Eduardo Cypel falou por telefone a ZH sobre a tensão vivida na França. Para ele, o país deve se unir para enfrentar valores contrários à tradição de igualdade, fraternidade e liberdade. Confira trechos da entrevista.

Qual o significado do atentado no berço do Iluminismo?

A França está vivendo um momento histórico. Estamos enfrentando um terrorismo que passa por cidadãos franceses, que se sentem implicados em um terrorismo ideológico. O objetivo é aterrorizar a França e abalar os valores de liberdade, igualdade e fraternidade. Querem tocar o coração da república. Por isso, atingiram um órgão da imprensa tão importante. Os terroristas quiseram tocar na cultura, republicana, que vem do Iluminismo, da Revolução Francesa.

A França também é o país das caminhadas contra o casamento gay e de outros atos conservadores. Com o atentado, os terroristas não querem aumentar a intolerância e a tensão?

Há mais de dois séculos, sempre houve tensões, com forças obscurantistas, reacionárias, que dividem. A França passou por momentos trágicos, mas soube superá-los. E sempre esteve à altura desses valores fundamentais de liberdade, democracia, igualdade e solidariedade. A reação do povo hoje está à altura do momento histórico. Estamos erguendo a cabeça para dizer não, para enfrentar esse momento difícil, preservar o que é essencial, que são esses valores. A França ainda é uma república onde todos podem viver juntos.

Não temem o crescimento da extrema direita xenófoba?

A França tem problemas que precisa enfrentar. Tem crises econômica, social e de identidade, de um país que está se interrogando para saber como se colocar neste mundo novo, que provoca medo e cria uma angústia legítima. Temos ameaças novas. São ameaças terroristas claras, uma nova forma de terrorismo, ligada a pessoas que estão aqui na França, que podem ser de uma forma ou outra tocadas pelo islã ou pela religião muçulmana. Entre essas pessoas, não há só quem nasceu em famílias muçulmanas. Há convertidos. Hoje, há mais de mil franceses implicados no que acontece com o jihadismo na Síria, no Iraque, no Estado Islâmico (EI). Vários estão na linha de frente do EI. Temos de enfrentar isso, mas com os valores da democracia, sem cair nos erros dos Estados Unidos no ataque da Al Qaeda e que levou (o presidente George) Bush a intervir no Iraque de forma inadequada e ilegal.

A intolerância da extrema direita pode se estender a outras minorias?

Há risco de essas tensões aumentarem e haver conflitos interétnicos, religiosos, que poderiam levar a uma guerra civil. Mas é isso que a França está mostrando que não vai deixar que ocorra. A reação do povo é de saber se unir em torno dos valores essenciais. Precisamos levar tudo muito a sério para não deixar nada ir por outro caminho que não seja o republicano.

Como fazer isso?

Toda a sociedade tem responsabilidade. E a França está mostrando que sabe o que é fundamental. No domingo, teremos essa grande demonstração de força. Essa mobilização será a maior demonstração para nos unir. Ninguém vai nos abalar. Nenhum terrorista vai conseguir tocar no que é a França. A força da França e da liberdade é um poder universal.

O que explica franceses se voltando ao extremismo islâmico?

Somos 67 milhões, e há mil franceses implicados. A direita fascista já teve 10% dos votos nas eleições. Essas forças existem no país, mas são minoritárias. Temos de enfrentar esse momento, analisar esses processos de fanatização e prevenir melhor. É uma radicalização que devemos saber lidar nos antecipando, pela educação.

Em que momento será importante a repressão?

Quando a lei determinar, pela democracia. Hoje, a lei prevê mais alternativas (a França aprovou, em 2014, lei antiterrorismo que dá maiores poderes para controlar o deslocamento de potenciais jihadistas da França a países em conflito).

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