Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O BRASIL É UM LIXÃO?

BEATRIZ FAGUNDES, O SUL, Porto Alegre, Sexta-feira, 25 de Maio de 2012.

No ano passado, 46 toneladas de lixo hospitalar vindas dos EUA foram apreendidas no porto de Suape, em Pernambuco.

O Brasil é um lixão? Vivemos no mundo do espetáculo! Pensei nisso ao percorrer o noticiário em busca de um assunto para a coluna. Um tema pronto e fácil de desenvolver seria a comédia pornô chanchada em que se transformou a tal CPI do Cachoeira, com direito a ter um relator denominado "tchutchuca", em alguns momentos, e "tigrão" em outros. Verdades? Nenhuma. Apenas lamentáveis cenas de cérebros nebulosos.

Desistindo de me ocupar com inutilidades, destaco uma carga de 20 toneladas de lixo hospitalar, vinda da Espanha, que foi barrada pela alfândega da Receita Federal no porto de Itajaí (SC). A descoberta do lixo ocorreu durante vistoria feita nesta semana. No meio da carga, que estava em um contêiner, havia lençóis sujos. Em alguns deles, há a logomarca de um hospital espanhol. Essa é a terceira carga de lixo encontrada no porto de Itajaí em menos de oito meses. As demais vieram da Espanha e do Canadá e já foram devolvidas. No ano passado, 46 toneladas de lixo hospitalar vindas dos EUA foram apreendidas no porto de Suape (Pernambuco). O material foi devolvido em janeiro. Como a fiscalização é feita por amostragem, da para imaginar o que passa livremente. São ações de máfias.

O lucro líquido obtido pelas internacionais criminosas cresce de 30% a 40% ao ano, segundo o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan. O IBGF (Instituto Brasileiro Giovanni Falcone), revela que ao contrário do imaginado, os lucrativos "negócios" mafiosos não se exaurem no tráfico de drogas, armas e pessoas. Outro filão enche os bolsos das máfias e de corporações industriais aliadas do Primeiro Mundo. Trata-se do tráfico internacional de lixo, perigoso à saúde humana e ao meio ambiente. Só em 2003, o "business" do tráfico planetário de lixo rendeu 15 bilhões de euros (fonte europeia). E entre 2000 e 2002, o ganho progrediu de 10 bilhões de dólares a 12 bilhões de dólares (fonte norte-americana). Lá se vão dez anos de lucro líquido sujo e certo.

Sem cerimônia, os países industrializados e ricos do Hemisfério Norte despejam o lixo produzido nos subdesenvolvidos e pobres do Sul. Sobre o fenômeno representado pelo tráfico sem fronteiras de lixo, a ambientalista europeia Mônica Massari, em artigo intitulado "Negócios Sujos", destacou a existência de um "colonialismo ambiental". É comum, com a intermediação mafiosa, que empresas sediadas em nações industrializadas constituam, por meio de testas-de-ferro, sociedades importadoras nos países que serão usados como latrinas. Com efeito, todos os anos, os países industrializados precisam se livrar de 300 milhões de toneladas de lixo. Estima-se que o continente africano receba anualmente 50 milhões de toneladas de resíduos. O jornalista Josias Pires recomenda a leitura do extraordinário livro "Gomorra", do jornalista-filósofo italiano Roberto Saviano, que descreve o modus operandi do capitalismo contemporâneo através da máfia, organização criminosa meticulosamente estruturada.

Cada continente, cada país tem as suas máfias, elas dividem o território mundial e transacionam de tudo: armas, drogas, lixo, roupas, tênis, hotéis, construção civil, transportes, minérios, enfim? os grandes negócios. Em dezembro de 2010, o então czar antidrogas da ONU, o italiano Antônio Maria Costa, alertou que o sistema bancário de compensações não quebrou, diante dos efeitos da crise financeira de 2008, em razão do fluxo de capitais provenientes do narcotráfico. Resumindo: enquanto nos ocupamos com CPIs, BBB's, Fazendas, Copa do Mundo, e a vida íntima das celebridades, os poderosos chefões de transnacionais do crime assumem o poder absoluto.

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