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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O ASILO POLÍTICO MAIS LONGO DA HISTÓRIA DO BRASIL

GQ GLOBO 26/08/2013 - 11h09 - Atualizado em 26/08/2013 - 12h45 

POR REDAÇÃO GQ COM VITOR HUGO BRANDALISE


Senador mantinha diário com relato de todos os dias de asilo

POR MEIO DE REGISTROS INÉDITOS, A GQ REVELA OS ÚLTIMOS DIAS DO ASILO POLÍTICO MAIS LONGO DA HISTÓRIA DO BRASIL



A LEITURA VIROU UM HÁBITO. NESSE TEMPO, PINTO LEU 50 LIVROS, ALGUNS SOBRE A PSICOLOGIA NO ASILO (FOTO: ACERVO )



A GQ teve acesso, com exclusividade, ao diário em que o senador Roger Pinto, de 53 anos, líder da oposição ao governo Evo Morales, registrou, desde o primeiro dia, as impressões sobre o mais longo asilo político da história do país.


O senador procurou asilo político na chancelaria brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012. Acusado em 22 processos (a maioria por corrupção e desacato), alegava sofrer perseguição política. Onze dias depois, o governo Dilma Rousseff concedeu-lhe o asilo.


Durante 15 meses, o senador boliviano viveu preso em uma sala de 20 metros quadrados dentro da embaixada brasileira em la paz. Não pôde sair à rua, abrir a janela, pegar sol, conceder entrevistas, receber convidados ou visita íntima. Ele teme que o isolamento tenha deixado sequelas graves.


A matéria de Vitor Hugo Brandalise na edição de setembro da revista GQ vai mostrar também como a falta de convicção e a letargia do Itamaraty no trato com o governo Evo Morales - que apareceu com força no caso Roger Pinto - não só causa constrangimentos diplomáticos mas vem dificultando até o combate ao tráfico de drogas nos 3.600 km de fronteiras com a Bolívia.

Em dois cadernos com capa de couro preta, ele numerou cada dia vivido na embaixada. E denotava com um emoticon seu estado de espírito no dia. Confira trechos do diário de Roger Pinto:
DESDE O PRIMEIRO DIA, ROGER PINTO DESCREVEU A ROTINA NA EMBAIXADA – E COM EMOTICONS (FOTO: GQ)



04/06/2012 - Às 8h30, o embaixador Marcel Biato entra no quarto e avisa que o asilo foi concedido. Ele transcreveu o anúncio: “Sua solicitação de asilo foi aceita e será uma honra recebê-lo
no Brasil. Seja bemvindo, a presidente Dilma Rousseff me encarregou de lhe
transmitir”. Ele ainda adicionou: “Obrigado, Senhor”.


06/07/2012 - Naquela sexta-feira, o 41º dia confinado, ele descreve o que faz em cada hora do dia. Levanta às 7h45, se exercita entre 20h e 21h e vai dormir às 23h. Também recebeu visitas do embaixador e da neta, que chama “chanchita” (equivalente a “piggie”, ou “porquinha”, um
apelido carinhoso).


06/03/2013 - As visitas são limitadas a parentes e seu advogado. Ele não poderia mais receber amigos
políticos. Pinto se irrita e critica o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota: “A visita de Patriota complicou mais ainda o meu caso. Deixou-se convencer pelo governo”.


28/05/2013 - Ao completar um ano no asilo, ele se diz perdido: “Estou confuso, meu Deus. Tu conheces o futuro”. E cita problemas pessoais: “Muito difícil com a família”. Outro dia, relata problemas com a mulher, Blanca: “Chateada com tudo o que acontece”. Segundo a família, é provável que se divorciem.


02/08/2013 - No início do 15º mês isolado, escreve sobre o futuro e indica que deixará a Bolívia. “Me
parte a alma, é parte da minha vida e da dos meus filhos. Mas é a hora, nada me amarra a esta terra e a este país”. Dizia que, ao sair, pretendia viver em Brasília defendendo mais segurança na fronteira Brasil-Bolívia.

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