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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

PACIFICAÇÃO - EXÉRCITO AFASTA MILITARES ENVOLVIDOS EM TUMULTO

Exército afasta militares do conflito no Alemão - O GLOBO, JORGE ANTÔNIO BARROS, BLOG REPÓRTER DE CRIME, 08/09/2011

Como este blog havia dito no início da semana, o Exército cometeu excessos no controle do distúrbio de moradores do Complexo do Alemão. A prova disso é que o chefe do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, anunciou ontem que quatro militares envolvidos no conflito de domingo passado foram afastados. Eles vão responder a Inquérito Policial Militar para apurar as responsabilidades. Na confusão os militares usaram indiscriminadamente armas não-letais, disparando balas de borracha nas pessoas. Pelo menos três moradores ficaram feridos. A foto de uma das vítimas, exibida na primeira página do GLOBO de terça-feira com certeza levou o Exército a botar a mão na consciência e apurar as denúncias de violência, que foram encampadas pelo Ministério Público federal.

Em entrevista coletiva ontem o general Adriano reconheceu que os militares erraram depois de cair numa cilada supostamente preparada por dois traficantes, que segundo ele provocaram toda a confusão de domingo.

-- Os dois (traficantes) se evadiram de uma área de tráfico, entraram no bar e provocaram toda a confusão. Esse foi o motivo de todo o conflito filmado pela comunidade, e não a história de se pedir para abaixar o som. Ocorre que alguns militares não tiveram a percepção de que aquilo era uma armadilha e acabaram fazendo a ação errada - disse o comandante.

Numa atitude corajosa, o general Adriano admitiu que os traficantes ainda vendem drogas em bocas de fumo "itinerantes" na comunidade. É uma mostra de que nem o Exército -- cuja ação no combate ao crime é aprovada por diversos setores da sociedade -- conseguiu dar jeito no tráfico do Alemão. Os setores da comunidade que são dependentes da economia ilegal -- como a venda de botijões de gás e uma parte dos mototaxistas, por exemplo -- estão sentindo no bolso a presença dos militares que por enquanto são menos suscetíveis à corrupção do que alguns PMs. Mas por quanto tempo vão resistir ao assédio dos criminosos e até mesmo de suas ex-namoradas?

Não resta dúvida de que os conflitos entre Exército e moradores -- alguns muito provavelmente insuflados por traficantes -- abriram a brecha que precisavam bandidos de dois morros vizinhos ao Alemão - o do Adeus e da Baiana. Segundo o general Adriano, foram daqueles morros - separados do Alemão apenas por uma avenida -- de onde partiram as balas traçantes que iluminaram os céus das favelas da região. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, confirmou que um grupo de traficantes entrou no Alemão pela mesma estrada de onde haviam fugido na operação de 28 de novembro do ano passado.

Apesar das críticas que fiz aos militares que usaram a força de modo excessivo e desnecessário, no domingo, apoio integralmente a nova ofensiva do Exército para se restabelecer o controle do território que antes era dominado pelo tráfico. O desgaste sofrido pela Força de Pacificação sempre foi esperado porque infelizmente militares não são treinados para ações de polícia, apesar da experiência positiva que conseguiram no Haiti.

Para ir adiante sem vacilar no projeto de pacificação das favelas do Rio, porém, o governo do estado não pode abrir mão de investimentos na qualificação e nos salários dos policiais civis e militares. O apoio do Exército em operações policiais deve ser episódico e não permanente. A maior contribuição que as forças armadas deveriam dar aos estados é a integração com as forças policiais na área de inteligência, mas isso os militares evitam ao máximo, não se sabe exatamente a causa.

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