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domingo, 3 de abril de 2011

A MÁFIA DO JOGO - INTIMIDANDO OS COMERCIANTES

CERCO A CAÇA-NÍQUEIS. Um golpe na Máfia dos Jogos. Suspeitos presos ontem seriam responsáveis por explorar atividades ilegais em dezenas de bares e intimidar os comerciantes - LETÍCIA BARBIERI E LETÍCIA MENDES, ZERO HORA 02/04/2011

Aterrorizado, um comerciante precisou reunir a família e seus pertences dentro de um caminhão e deixar São Leopoldo às pressas na tarde de ontem. Em janeiro, o irmão dele havia se suicidado por não suportar as ameaças da Máfia dos Jogos. Foi a morte dele que deu a partida para a investigação responsável pela prisão de seis suspeitos de integrar a quadrilha que intimidava proprietários e exploraria jogos ilegais em dezenas de estabelecimentos no Vale do Sinos e na Grande Porto Alegre.

Entre os detidos na primeira operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público no Estado, está Acácio Viganigo da Silva, 72 anos, por suspeita de extorsão, formação de quadrilha, exploração de jogos ilícitos e instigação ao suicídio. Ele é apontado por promotores como integrante da quadrilha que há três décadas estaria coagindo os donos dos estabelecimentos. Segundo o MP, o bando tinha negócios em pelo menos 98 bares, boates, bingos clandestinos e outros estabelecimentos em nove cidades. O órgão tenta calcular o dinheiro gerado pela exploração de ao menos 200 máquinas, mas acredita que até 40% da arrecadação ficava com os próprios comerciantes.

– Eles atuam com colete à prova de balas, carros blindados, armamento pesado e tudo monitorado por sistema de vigilância – detalha o promotor Eduardo Viegas.

Silva foi preso em sua fazenda, em Rio Pardo. Com ele, a polícia apreendeu três espingardas, uma pistola, R$ 112 mil, materiais de jogos do bicho, extratos de movimentações bancárias e computadores.

– Ele mandava no bicho, era o barão – define o promotor.

Em depoimento em Rio Pardo, Silva negou o envolvimento com os jogos.

– Ele disse que o dinheiro apreendido seria de seu trabalho como produtor rural e que as armas e veículos eram para segurança da propriedade – diz o delegado Anderson Faturi.

Na delegacia, o suspeito sentiu dores no peito e foi internado em hospital de Rio Pardo, mas deve ser transferido para instituição de São Leopoldo.

Em busca de sucessor
O Ministério Público suspeita que Acácio Viganigo da Silva estaria passando a atividade para a família. Entre os presos ontem em São Leopoldo, estão os sobrinhos dele: Roberto Leandro Cardoso e Rodrigo Luis Cardoso. Com os detidos foram recolhidos outros R$ 100 mil, máquinas caça-níqueis, ceduleiras, celulares, três revólveres, munições de uso restrito das Forças Armadas, um colete à prova de balas e equipamentos de informática.

Durante as buscas, a polícia localizou ainda um dos pontos onde a quadrilha faria o conserto das máquinas no bairro Santo André, em São Leopoldo. No local foram encontradas dezenas de máquinas desmontadas. Além disso, foi encontrado um quadro com as chaves de 98 estabelecimentos, onde estariam distribuídos equipamentos de jogos da quadrilha.

Antes da ação de ontem, o MP já havia feito uma operação-teste na semana passada. Nos locais onde policiais à paisana tinham inclusive feito apostas nas máquinas, não havia mais sinal de ilegalidade: a operação tinha vazado. O promotor fez nova estratégia e decretou sigilo total. Desta vez, obteve sucesso.

O ESQUEMA

Aliciamento - Segundo o MP, os aliciadores iriam até os pontos do comércio, considerados lucrativos, e sugeriam ao a instalação das máquinas. No caso do dono se negar, eles partiriam para as ameaças.

Dinheiro - A quadrilha teria pessoas responsáveis por fazer o recolhimento do dinheiro nos pontos. O MP acredita que esse recolhimento era feito diariamente. Entre 30% e 40% do valor arrecadado seria destinado aos comerciantes. Em alguns casos, o bando até pagaria o aluguel dos comerciantes.

Administração - A quadrilha contaria com o apoio de dois escritórios de contabilidade, onde seria feita a administração do dinheiro. O bando ainda teria responsáveis por fazer o gerenciamento, o reconhecimento de novos pontos para as máquinas e de fabricantes dos caça-níqueis.

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