
JOEL REZENDE, O GLOBO 12/03/2011
Para minha surpresa e estranheza, vejo surgir e crescer, de forma orquestrada, um movimento destinado a promover um novo plebiscito com a intenção de obter um resultado majoritário a favor do desarmamento. Não está ainda claro qual a justificativa ou interesse do governo em insistir na tentativa de alterar a opinião livre e consciente da população manifestada no último plebiscito, que, por sinal, produziu os mesmos resultados benéficos que seriam alcançados no caso da maioria ter sido a favor do desarmamento, já que centenas de milhares de armas foram devolvidas.
As leis já existentes que limitam o direito de porte de arma e punem sua posse ilegal são os instrumentos que efetivamente concorrem para o desarmamento, e foram as responsáveis pelo grande número de armas devolvidas por todos os cidadãos responsáveis e cumpridores da lei, independentemente de sua opinião a favor ou contra o ambíguo e obscuro movimento denominado desarmamento. Os cidadãos de bem obedecem às leis independentemente de resultados de plebiscito, enquanto os desonestos e irresponsáveis só agem de acordo com seus interesses desobedecendo a todos os princípios legais e sociais, e somente podem ser contidos através da repressão.
O fato de a maioria ter sido contra o desarmamento no último plebiscito se deve mais aos aspectos políticos do processo, que não expressa a necessária transparência para convencer os cidadãos mais esclarecidos de seu verdadeiro significado e abrangência de objetivos. Portanto, parece bastante claro que um plebiscito sobre o desarmamento agora seria, além de demagógico, completamente inócuo, a menos que houvesse outros objetivos ocultos e inconfessáveis. Seria, pois, muito mais coerente e efetivo empregar o dinheiro que seria gasto num plebiscito nas ações de repressão e bloqueio das fronteiras para evitar a entrada de armas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário