EDITORIAL O GLOBO, 17/02/2011
Há paralelos entre a retomada do Complexo do Alemão e a atual crise nas polícias do Rio de Janeiro. A operação do fim do ano passado, que soterrou o mito da inexpugnabilidade da chamada fortaleza do tráfico, teve como estopim atos terroristas promovidos por uma facção do crime organizado, que de lá comandava o desafio à segurança pública. Por sua vez, a tempestade que sacode o aparelho policial do Rio tem, como no Alemão, um fato gravíssimo no afastamento do chefe da Polícia Civil por suspeita de vazamento de informações para o outro lado do balcão. A analogia é que, a exemplo das respostas às provocações emanadas do morro, também desta vez não resta outro caminho ao poder público senão levar às últimas consequências a apuração das malfeitorias e as respectivas punições. Nas palavras do próprio secretário José Mariano Beltrame, se for preciso, as polícias precisam cortar na própria carne.
As suspeitas que recaem sobre Allan Turnowski levaram a crise para a antessala da cúpula do sistema de segurança do estado. Há que se ressalvar, no episódio, o pressuposto da inocência do suspeito até prova em contrário. Mas, em si, a simples suposição - reforçada por gravações que ligam o então chefe da Polícia Civil a um miliciano - confere ao episódio gravidade que faz lembrar, guardadas as proporções, a prisão de Álvaro Lins, também ex-ocupante da cadeira na qual se sentava Turnowski.
A crise moral e ética ajuda a explicar as deficiências operacionais que marcaram a atuação das polícias fluminenses em administrações anteriores, com resultados pífios no combate ao banditismo. Portanto, era inevitável que, tendo o governo estadual se comprometido para valer com a reversão dos parâmetros da violência, a banda podre - um óbvio fator de inapetência para combater o crime -, até então enfrentada com tibieza pelas autoridades de segurança, entrasse em choque direto com uma cúpula empenhada de fato em agir movida pelo interesse da sociedade.
E aqui reside outra analogia com o Alemão: uma vez que o sistema de segurança pública chegou ao ponto de ruptura, em face da dimensão de uma crise em que nem sempre é possível distinguir no organismo policial a parte sã das metástases que o comprometem, tornou-se inescapável recorrer à ajuda da União - no caso, a Polícia Federal - para garantir o sucesso das ações de limpeza ética, moral e legal em curso. Como na participação de tropas federais no movimento de retomada do bunker dos traficantes, a estreita colaboração entre órgãos dos diversos níveis de administração do poder público nos recentes acontecimentos no Rio de Janeiro, incluindo o Ministério Público, deve ser tomada como modelo para uma política nacional de combate ao crime, inclusive dentro das polícias.
É hora de avançar na faxina das polícias, sem contemplações. A nova chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, assumiu sinalizando nesta direção, ao prometer reforçar a Corregedoria e a Academia de Polícia, órgãos essenciais de controle e formação de pessoal. Outros passos igualmente necessários terão de ser dados para desmontar de vez a banda podre, modernizar as corporações e imprimir-lhes eficiência. Quaisquer movimentos em direção contrária terão desastroso impacto no bem-sucedido esforço do governo estadual de enquadrar suas polícias. Como no Alemão e nas UPPs, não pode haver recuo.
A PAZ SOCIAL É O NOSSO OBJETIVO. ACORDAR O BRASIL É A NOSSA LUTA.
"Uma nação perdida não é a que perdeu um governante, mas a que perdeu a LEI."
Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
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