A PAZ SOCIAL É O NOSSO OBJETIVO. ACORDAR O BRASIL É A NOSSA LUTA.
"Uma nação perdida não é a que perdeu um governante, mas a que perdeu a LEI."
Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
A DOLOROSA MORTE DA IDEOLOGIA
José J. Camargo, Professor e membro titular da Academia Nacional de Medicina - ZERO HORA 16/02/2011
O principal problema de irmos junto com a mudança é perdermos a noção exata do quanto mudamos!
Seria ótimo que dispuséssemos de algum tipo de GPS que periodicamente nos trouxesse ao ponto de partida, permitindo, quem sabe, a generosidade de corrigirmos o trajeto!
Assistindo outra vez a Hair, depois de um intervalo de, sei lá, uns 40 anos, foi inevitável o choque nostálgico com esse passeio no túnel do tempo.
Claro que havia extravagâncias, com uma rebeldia exagerada e quase ridícula, um fascínio pelo uso das drogas, ainda festejadas sem censura, e uma necessidade irreprimível de protestar. Mas que saudade do que acreditávamos, e que maravilha ver as pessoas sentadas para falar de ideias!
Como esquecer as reformas que pareciam tão próximas e plausíveis e como não lamentar que tenha gorado o mundo que idealizamos com tanta intensidade nas madrugadas do bar Alaska?
Para o debate ideológico, esse exercício intelectual que os jovens de hoje não têm a menor noção do que seja, era indispensável que os litigantes tivessem munição cultural, e isto sempre fez da preparação a parte mais estimulante e sedutora.
Os jovens de então, camuflados atrás de uma barba malcuidada que lhes dava um ar de despojada independência, falavam de Descartes (um colega, futuro psiquiatra, se referia ao Descartes como o René, tamanha a intimidade!), Marx, Proust e Sartre, como se eles tivessem sido professores do cursinho pré-vestibular, e todos tinham uma posição ideológica, não importava qual fosse, defendida com galhardia até depois do último chope.
Provocado pelo desafio de conviver com jovens, tenho procurado ver o que eles discutem, e é uma tristeza descobrir que só falam de coisas e, mais triste ainda, de pessoas.
Para a comunicação bizarra com outros alienados, eles se utilizam de um vocabulário que não ultrapassa 20 palavras, digitadas em fragmentos, num idioma original que é o símbolo perfeito de uma cultura rudimentar que une jovens solitários viciados em teclado.
Se forçarmos a barra, querendo saber o que eles pensam sobre qualquer assunto que extrapole o muro alto do individualismo, provavelmente ficaremos falando sozinhos!
Claro que eles não sabem o que estão perdendo e, não sabendo, estão poupados do sentimento de perda, mas a alienação em que vivem tem e terá um preço muito alto, que será cobrado a pleno quando esta geração inculta, logo ali adiante, for chamada a assumir os destinos do país.
A política é a única atividade humana que não permite espaços vazios e, se os íntegros, cultos e competentes se omitem, estas lacunas serão imediatamente ocupadas pelos desonestos, maquiavélicos e trambiqueiros.
Nada mais propício ao oportunista e ao mau-caráter do que uma geração despolitizada.
Se não, como explicar o surgimento do Tiririca e a persistência do Sarney?
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