Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

domingo, 30 de março de 2014

PARA NÃO ESQUECER


ZERO HORA 30 de março de 2014 | N° 17748


EDITORIAL INTERATIVO



Meio século depois, a história do golpe de 1964 está sendo revisada e recontada sob o olhar plural da democracia e o questionamento implacável das redes sociais. O fato histórico merece esta atenção e esta visibilidade, não apenas porque marcou a vida de várias gerações de brasileiros, mas também e principalmente porque a lembrança do perío-do autoritário reforça o nosso apreço pela liberdade. Aquela abrupta mudança de rumo político levou o país a mergulhar nas trevas do autoritarismo, mas também o desafiou a encontrar saídas democráticas para o labirinto da ditadura que sucedeu à ruptura institucional.

A deposição do presidente João Goulart, comandada pelos militares com o apoio de parcela expressiva da população, de organizações religiosas e empresariais, da mídia e de outros setores representativos da sociedade brasileira, foi sucedida por um período de inegável desenvolvimento econômico, no início, mas também de supressão de direitos individuais, de perseguição política, de repressão brutal e de censura impiedosa. O regime ditatorial deixou feridas que jamais cicatrizarão e lições que não podem ser esquecidas, entre as quais a de que ninguém, sob pretexto algum, tem o direito de se apropriar do Estado. O ensinamento vale também para a parcela de opositores da ditadura que enveredou pelo lado da violência, sem demonstrar comprometimento com a democracia.

O Brasil não pertence às Forças Armadas, aos partidos políticos ou a eventuais ocupantes do poder. É uma propriedade coletiva, de todos os brasileiros. E nosso povo optou, inequivocamente, pela democracia, pela liberdade de expressão e de manifestação, pelo direito de escolher livremente seus representantes políticos, pelo desenvolvimento sem milagres, fundamentado no trabalho e na paz social.

Na condição de herdeiros das lutas democráticas empreendidas pelos que resistiram ao golpe num primeiro momento e pelos que passaram para a oposição posteriormente, os governantes e as lideranças políticas de hoje não podem ser coniventes com as sabotagens à democracia, com a corrupção em todos os níveis da sociedade, com a impunidade, com a apropriação do Estado por corporações, partidos e ideologias, e muito menos com as tentativas de inibir a livre expressão do pensamento, que só contribuem para degradar a condição humana e social dos brasileiros.

Não queremos mais tutores, fardados ou em trajes civis. Queremos, isto sim, governantes responsáveis, comprometidos com a ética administrativa e com o bem-estar da população, submissos à Constituição e à vontade popular, transparentes nos seus atos e tolerantes com os questionamentos às suas administrações. Todas as formas de arbítrio e de totalitarismo merecem ser repudiadas, independentemente de sua coloração no espectro político.

O golpe de 64 e os 21 anos de exceção deixaram sequelas, ressentimentos e também o ensinamento inesquecível de que a liberdade continua sendo o patrimônio mais valioso desta nação.

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