Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A GUERRA DO RIO - AFASTAR O CRIME DA ORLA CARIOCA



FAVELA A SER PACIFICADA. Crime é afastado da orla carioca. Aterrorizada pelo traficante Nem, preso na quarta-feira após seis anos de buscas, a Rocinha é o próximo alvo das UPPs - HUMBERTO TREZZI, ZERO HORA 11/11/2011

A iminente tomada da Rocinha, ao que tudo indica neste final de semana, é o fim de um ciclo no Rio de Janeiro, aquele em que o banditismo ditava a lei nos principais pontos da Cidade outrora Maravilhosa. Um filme no qual os sujeitos “do mal” saíram vencedores, durante décadas. Desde que o governo fluminense decidiu implantar as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), em 2008, o cenário carioca mudou.

Saem de cena quadrilhas armadas com o que existe de melhor (ou seria de pior?) na indústria bélica mundial, incluindo metralhadoras antiaéreas e lança-foguetes, e ganha espaço o aparato estatal, legitimado pela presença desse novo tipo de policiamento, comunitário.

Uma das maiores da América, a Rocinha deve receber a 19ª UPP. Com raras exceções, onde foram implantadas UPPs, as quadrilhas sumiram. Fugiram antes mesmo da instalação dos postos comunitários. Foi o que a facção criminal dominante na Rocinha, a Amigos dos Amigos (ADA), tentou fazer. Chefiada pelo traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ela era dono do mais poderoso arsenal do momento nos exércitos do crime no Rio e controlava o comércio de cocaína no varejo da orla. Não mais.

Com apoio da Polícia Federal, 80 PMs do Batalhão de Choque invadiram a Rocinha e o vizinho morro do Vidigal. Prenderam 15 pessoas em flagrante. Entre elas, três policiais civis e dois ex-PMs que faziam a escolta dos gerentes do tráfico, que tentavam fugir. Teriam acertado proteção para a fuga, por R$ 2 milhões. A prisão dos agentes da lei ajuda a clarear o véu que acoberta a libertinagem de relações entre bandidos e muitos daqueles que deveriam prendê-los.

Fuga de bandidos foi prevista, para evitar banho de sangue

Ao ex-todo poderoso Nem, caçado por seis anos, ficou reservado o papel ridículo de ser surpreendido no porta-malas de um carro pertencente a supostos diplomatas africanos, também presos. Além do tráfico, os bandidos, assim como fazem as milícias (quadrilhas formadas por policiais), monopolizam nas favelas a venda de gás, a “gatonet” (internet pirateada), os serviços de vans e mototáxis e chegam a distribuir carnês para cobrança de água. Até uma clínica de aborto clandestina da Rocinha estaria pagando propina a Nem para funcionar.

Com a expectativa da ocupação da Rocinha e do Vidigal pela polícia, Nem teria se reunido com seus comparsas e tramado a antecipação de eleições nas três principais associações de moradores dessas favelas. A ideia era deixar pessoas de sua confiança à frente das entidades e de seus negócios ilegais.

A fuga de bandidos, como ratos, já foi vista ao vivo e em cores por todo o Brasil há um ano, quando foi expulsa a facção Comando Vermelho do Complexo do Alemão. O mesmo tipo de megaoperação deve acontecer no final de semana, na Rocinha, com 70 mil moradores. É para evitar um banho de sangue em área superpovoada que os bandidos foram avisados. Melhor que fujam do que provoquem um enfrentamento dramático.

A semana começou com denúncias de que moradores do Vidigal (ao lado da Rocinha) estão sendo forçados a ceder suas casas a quadrilheiros em fuga. Os traficantes estão controlando os telefonemas da comunidade, com medo de serem denunciados à polícia.

Caso se concretize, a tomada da Rocinha não será a primeira na badalada Zona Sul – já foram instaladas UPPs em Copacabana (na Ladeira dos Tabajaras), Leme (morros Chapéu Mangueira e Babilônia), Ipanema (Pavão-Pavãozinho e Cantagalo) em Botafogo (Morro Santa Marta) e no Morro Santa Teresa (favelas Escondidinho e Prazeres). Mas a da Rocinha será a maior UPP e representará a libertação do cartão-postal do Rio, a faixa praiana. Expulsos, os traficantes escaparão para a Região Metropolitana. Um problema para o futuro. A curto prazo, as autoridades poderão garantir aos turistas um passeio sem medo de fuzis e tiroteios junto à praia, a fonte de renda do Rio.

Avanço da lei - Áreas com UPPs em funcionamento no Rio:

- Santa Marta (Morro de Santa Marta)
- Cidade de Deus
- Jardim Batan (Realengo)
- Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme)
- Pavão-Pavãozinho e Cantagalo (Ipanema)
- Ladeira dos Tabajaras (Copacabana)
- Providência (Centro)
- Borel (Tijuca)
- Formiga (Tijuca)
- Andaraí (Andaraí)
- Salgueiro (Tijuca)
- Turano (Rio Comprido)
- Macacos (Vila Isabel)
- São João, Quieto e Matriz (Engenho Novo)
- Coroa, Fallet-Fogueteiro (Catumbi)
- Escondidinho e Prazeres (Santa Teresa)
- São Carlos (Estácio)
- Morro da Mangueira

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