Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

domingo, 12 de junho de 2011

DESCASO - FESTAS, CRACK E VIOLÊNCIA NA AVENIDA DO PODER


Esplanada de excessos: Festas, crack e violência na avenida do poder. Megaevento evidencia a degradação do mais célebre endereço de Brasília, já acossado pela desordem de ambulantes, prostituição e consumo de crack - Fabiano Costa - zero hora 12/06/2011

Tablado de mobilizações populares históricas e cenário dos principais cartões-postais da Capital Federal, a Esplanada dos Ministérios se degrada sob os olhares das autoridades da República. Com 12 pistas e 290 metros de largura, a “avenida do poder” idealizada pelo urbanista Lucio Costa virou palco de competições esportivas e abriu suas portas para o submundo, abrigando usuários de drogas, pontos de prostituição, assaltos e homicídios.

Em plena luz do dia, vendedores de doces, frutas e pães, camelôs e até mesmo apontadores de jogo do bicho ocupam as fachadas da Esplanada. Sem receio de fiscalização, os ambulantes instalam bancas e barracas sobre as calçadas e anunciam seus produtos aos gritos, dando às ruelas entre os ministérios ares de feira livre. Servidores públicos com crachás no pescoço são flagrados a todo momento comprando produtos dos ambulantes irregulares.

Um dos pontos mais disputados é a cercania do Ministério da Saúde. Um tabuleiro no qual são vendidos pães caseiros faz sucesso diante do prédio, formando uma sinuosa fila diária.

Quando o sol se põe, a Esplanada exibe seu lado mais nefasto. À sombra dos holofotes que iluminam os monumentos projetados por Oscar Niemeyer, usuários de drogas e traficantes emergem, transformando o entorno da Rodoviária do Plano Piloto em uma cracolândia. Às costas da catedral de Brasília, prostitutas e travestis ocupam a pequena avenida que ladeia a Esplanada. Tudo a poucos metros de um posto da Polícia Militar.

Nas festas armadas nos gramados ministeriais, já virou rotina o registro de assaltos e homicídios. Em 2009, nas comemorações pelo aniversário da Capital Federal, 27 pessoas foram esfaqueadas e uma morta. Na festa deste ano, outros dois homens morreram feridos no quintal dos Três Poderes.

Mas não é só a informalidade e o submundo que desalinham o Eixo Monumental. No último final de semana de maio, 466 caçambas de caminhão despejaram 7 mil metros cúbicos de terra sobre os gramados para dar corpo a uma pista de motocross. A construção da arena, patrocinada pela multinacional Red Bull, com direito a imensos morros para a exibição das acrobacias, deflagrou uma rebelião entre arquitetos e urbanistas. Os especialistas ficaram revoltados com as dimensões do evento, que atraiu cerca de 100 mil pessoas.

Apenas em 2011, os retângulos ministeriais – por onde multidões marcharam pelo movimento Diretas Já – hospedaram um circuito mundial de vôlei de praia e jogos de futebol entre veteranos da Seleção.

Em nota enviada a ZH, a Red Bull justificou a escolha do local por conta “da arquitetura internacionalmente icônica de Oscar Niemeyer”. A empresa lembra que montou arenas semelhantes em alguns dos cenários mais famosos do mundo, como as pirâmides de Gizé, no Egito, e a Praça Vermelha, em Moscou.

– Promover uma competição de motocross no canteiro central dos ministérios é um acinte. Faltou bom senso e noção do simbolismo daquela área por parte de quem autorizou o evento – reclama o professor de História da Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Gabriel Dorfman.

Herdeira de Lucio Costa, a arquiteta Maria Elisa Costa enfatiza que o pai havia previsto para a Esplanada “apenas um belo silêncio verde entre o Congresso e a plataforma da rodoviária”. No projeto urbanístico de Brasília – que o consagrou mundialmente –, Costa imaginou ao longo da via um extenso gramado destinado a pedestres, paradas e desfiles, dispostos em meio a ministérios e autarquias. Crítica da banalização da alameda dos Três Poderes, Maria Elisa defende que o espaço seja aberto para eventos e espetáculos apenas em ocasiões “especialíssimas e raras”.

– A montagem de lonas de circo na Esplanada não tem cabimento. É constrangedor atribuir à democracia essa vulgarização provinciana da capital do país – dispara.


Rigidez no centro do poder norte-americano - LARISSA ROSO | ESPECIAL/WASHINGTON

Fica no centro da capital americana um dos endereços mais bem guardados do mundo. Nos arredores da Casa Branca, a ordem contrasta com o que se vê em Brasília.

A residência oficial e local de trabalho do presidente dos Estados Unidos é monitorada dia e noite por atiradores de elite no topo do prédio. Nem é preciso que o cidadão represente um perigo iminente à segurança de Barack, Michelle, Sasha e Malia Obama. Basta um braço espichado para o lado de dentro da grade do jardim, com o zoom de uma câmera tentando bisbilhotar o que acontece detrás das janelas, e um segurança já surge exigindo que o turista se afaste.

O número 1600 da Pennsylvania Avenue costuma permanecer repleto de visitantes. Uma policial resume o que ocorre em seus plantões:

– Protestos de todo tipo. Contra a guerra no Iraque, a favor da guerra. Contra a Síria, a favor da Síria.

Dois manifestantes em uma tenda já integram a paisagem local. Revezam-se em turnos de 12 horas desde 1981, exigindo o fim das armas nucleares. O americano de 59 anos que diz se chamar Start Loving (Comece a Amar) conta ter sido um executivo com salário de US$ 300 mil (cerca de R$ 470 mil) por ano. Abandonou tudo, até a mulher.

Às 23h, diariamente, as luzes do gramado se apagam, e cessam os flashes das câmeras. Start Loving espera a companheira assumir o posto e vai dormir em uma calçada a três quadras dali. Por algumas horas, vai ter uma folga do burburinho. E os Obama também.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este é o retrato de Poderes ausentes e fracos que se omitem dentro e nas suas vizinhanças, negligenciando deveres e relaxando a ordem pública. Se o centro do Poder é assim, o que dizer nas unidades federativas?

O amadorismo da governança do Brasil estimula o desprezo à ordem pública, a coatividade da justiça e a segurança jurídica com graves consequências para a paz social, para o respeito às leis e para a confiança do povo nas instituições democráticas. O comportamento dos mandatários demonstra que eles estão mais preocupados com seus próprio salários, privilégios e prerrogativas, do que com a distribuição de direitos social, especialmente com as questões de ordem pública e justiça.

Muda regime, sanciona nova constituição, troca governo e assume nova ideologia, e nada consegue transformar o Brasil numa verdadeira república democrática. Pelo contrário, a justiça continua centralizada e dependente; o Poder Executivo age com descaso; e o Congresso se ausenta das questões vitais para o país e seu povo.

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