TRAMA FRUSTRADA. Beira-Mar teria planejado sequestro do filho de Lula - Zero Hora 05/01/2011
Um dos principais narcotraficantes brasileiros responde a uma ação na Justiça Federal por formação de quadrilha em razão de uma suposta tentativa de sequestro de Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula.
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, teria planejado a ação criminosa de dentro do presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS) entre dezembro de 2007 e agosto de 2008.
O jornal Folha de S.Paulo revelou ontem detalhes do esquema. Segundo a Polícia Federal, o plano foi descoberto a partir de informações do traficante colombiano Juan Carlos Abadia, que estava na mesma prisão naquele ano. As investigações da PF em 2008 indicam que Beira-Mar pretenderia negociar sua liberdade e a de outros presos – entre eles Marcos Hebas Camacho, o Marcola, chefe do PCC – em troca da soltura do filho de Lula. O narcotraficante estaria contrariado com a prisão de sua ex-mulher, em 2007, e com a segurança no presídio.
Para concretizar o sequestro, o grupo de Beira-Mar já teria comprado sete fuzis AR-15 e decidido que o cativeiro funcionaria em Mariporã (SP). Conforme os investigadores, o ataque usaria carros com brasões forjados da Polícia Federal.
Abadia decidiu delatar o antigo companheiro de presídio na tentativa de negociar a transferência de sua mulher, presa em São Paulo, para outra cadeia do mesmo Estado – o que não aconteceu. As informações de Abadia levaram os policiais a buscarem novas pistas. Um agente federal se infiltrou no esquema e se faz passar por um representante do colombiano.
SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi - Plano maquiavélico - Zero Hora 05/01/2011
Fosse ficção, pareceria tão inverossímil que muita gente da minha idade diria que o filme é um abacaxi. Mas o plano dos grandes vilões em atuação no Brasil, unidos pelo crime, para sequestrar o filho do presidente parece mesmo ser real. É o que atesta a Polícia Federal, que chegou a infiltrar um agente no meio das conversas dos bandidos para comprovar a trama.
O caso foi parar na Justiça e fica, para o cidadão, a onipresente sensação de fragilidade. Se nem Lula, com seu esquadrão de seguranças, está a salvo do sequestro de um filho, o que sobra para o anônimo pagador de impostos? Menos mal que a polícia agiu rápido e certo. O bom, para a sociedade, é que sempre há desacerto entre barões do crime. Foi o que aconteceu neste caso, a se julgar pelos fatos relatados no inquérito policial. Abadia delatou seus companheiros de cadeia, em troca de benefícios prisionais para sua namorada. Não fossem essas armações da paixão e talvez o Brasil estivesse, agora, amargando os resultados de uma temerária união do que há de pior nos presídios.
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