Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

sábado, 22 de outubro de 2011

CADÊ O VERDADEIRO CHINÊS?

RAFAEL CODONHO, JORNALISTA, ESTUDOU NA COMMUNICATION UNIVERSITY OF CHINA - ZERO HORA 22/10/2011


Nas últimas décadas, o mundo assiste espantado ao progresso da República Popular da China. E, com a distração típica de quem mantém a boca aberta, acaba engolindo o que não deve. De fato, a pujança do desenvolvimento do Império do Meio é inquestionável e única na história. Diante da sucata que virou o país depois de 40 anos de comunismo, um líder pragmático decidiu apostar na receita que vinha dando certo ao redor do globo: aumento da participação da iniciativa privada e redução das atribuições do Estado. Seu nome era Deng Xiaoping, desafeto ideológico e pessoal do timoneiro megalomaníaco Mao Tsé-tung.

Enquanto a ala dos ortodoxos do Partidão contorcia-se de desgosto, o reformista jogava no lixo a cartilha econômica vigente até então na nação oriental. Era hora de impulsionar o empreendedorismo, promover a integração comercial para além da Muralha da China, colocar em prática um programa ambicioso de privatizações e devolver à população o apetite pela prosperidade.

Com o passar do tempo, os resultados não poderiam ser mais evidentes: a liberdade econômica deu, em mais um episódio da história, um banho no planejamento estatal. Desde a guinada ao sistema capitalista, vem ocorrendo lá o processo de maior e mais rápida mobilidade social da humanidade. Frente a tais fatos, muitos pensadores – da China e do Ocidente – defendem que tudo não passa do resultado da mistura do sistema de livre iniciativa com o autoritarismo político.

Nada mais equivocado. Esquecem eles – ou fingem esquecer – o sucesso ainda maior dos chineses que vivem fora desse ambiente que despreza as liberdades individuais, persegue brutalmente seus adversários políticos e ainda hoje (!) mantém campos de trabalho forçado. É o caso flagrante de Taiwan, que não somente tem uma economia muito mais livre, dinâmica e globalizada, como também mantém uma democracia pluripartidária.

Os números são bastante esclarecedores nesse sentido. Enquanto a renda per capita de uma nação equivale à da Alemanha (US$ 35.700), a da outra está entre o Equador e o Turcomenistão, somando apenas US$ 7.600. Não por acaso, o mesmo fosso surge quando a pauta é a distribuição de riquezas, quando o Coeficiente de Gini crava 32,6 versus 41,5. O padrão segue também quanto à expectativa de vida e mortalidade infantil.

O leitor nem precisa ir tão longe para comprovar esses fatos. Basta observar as trajetórias de inúmeros – e cada vez mais numerosos – self-made men nas democracias ocidentais. Eis a evidência maior de que, sem a tutela de um regime autoritário e com mais autonomia individual, o progresso e o bem-estar da população atingem um outro patamar.

Quando alguém falar dos êxitos dos ditadores de Pequim, não hesite em dizer ao seu interlocutor: o verdadeiro chinês não mora na China. Ele se encontra em locais que valorizam sua dimensão humana e não põem em xeque suas necessidades mais primitivas. O verdadeiro chinês é livre.

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