A PAZ SOCIAL É O NOSSO OBJETIVO. ACORDAR O BRASIL É A NOSSA LUTA.
"Uma nação perdida não é a que perdeu um governante, mas a que perdeu a LEI."
Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
A GUERRA DO RIO - CRIME ACUADO
Guerra do Rio. O mundo assistiu ontem a uma cena rara e impressionante. RODRIGO MÜZELL | ENVIADO ESPECIAL/RIO, Zero Hora, 26/11/2010
Bandidos armados, da mesma estirpe dos que passaram a semana colocando fogo em veículos e amedrontando moradores do Rio de Janeiro, empreenderam uma fuga desesperada. Encurralados por cerca de 400 policiais civis e militares, com auxílio de 13 blindados e um pelotão da Marinha, os criminosos que dominam o Complexo do Alemão (conjunto de 16 favelas na zona norte carioca) subiram o morro numa correria desenfreada. Eram centenas deles, com armas curtas e longas. Os retardatários foram deixando companheiros feridos pelo caminho.
A visão de bandidos correndo armados com fuzis, pistolas, escopetas e metralhadoras, fugindo com medo das autoridades, provou o tamanho e o poder de fogo do adversário que o Estado do Rio enfrenta. O Complexo do Alemão é considerado, pelas polícias, o local em que o crime está mais bem armado no país. Nos cálculos da Secretaria de Segurança fluminense, mais de mil bandidos se escondem ali. Mil em apenas um punhado de favelas, das mais de 900 que existem no Rio.
Em decorrência dos riscos de um massacre, o governo não cogitava invadir agora o local. A ocupação de favelas por postos policiais deveria ser gradual e começar pelas menores. Todo esse planejamento foi atropelado pela impressionante sequência de mais de cem atentados cometidos pela bandidagem nos últimos cinco dias – só ontem, criminosos incendiaram ao menos 36 veículos e 115 ônibus deixaram de circular, por precaução.
Uma bomba explodiu no Supermercado Guanabara (em Bonsucesso), deixando um homem ferido e três veículos, danificados. Um blindado da Marinha foi atingido por oito tiros e ficou inoperante. Um caveirão (carro blindado da PM) teve os pneus furados. Na contraofensiva, policiais civis e militares mataram pelo menos oito pessoas ontem (supostos bandidos), totalizando 30 mortos até agora (dois deles, PMs).
O estopim dessa crise iniciada no domingo foi a transferência de oito presos cariocas para um presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR), que estava prevista. Em represália, a facção deles (o Comando Vermelho) ordenou os atentados. Como punição, o governo mandou transferir mais 13 líderes da facção para Rondônia. Outro foco de revolta dos bandidos é formado pelas 13 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas onde antes reinava o tráfico, no Rio.
Criminosos fugiram acuados
Organizado em tempo escasso, o ataque à fortaleza do tráfico do Complexo do Alemão ocorreu graças a um meticuloso cerco arquitetado pelas polícias, com apoio de informações e pessoal das Forças Armadas. Foi tão bem-sucedido que, acuados, os bandidos optaram pela fuga. Uma reação de certa forma inesperada, já que eles são o que de mais próximo existe, no Brasil, a uma guerrilha. Agem de emboscada contra policiais e usam táticas terroristas contra alvos civis, como os cidadãos, os ônibus e os carros.
A grande diferença – e a explicação para a fuga sem combater – parece ser a inexistência de ideologia por parte dos criminosos cariocas. Escolheram viver. Fugiram da Vila Cruzeiro para o Morro do Alemão. Policiais que entraram na favela afirmaram que o cenário é de destruição. Há carros queimados, caminhões e motos abandonados e sangue pelo chão.
O Estado montou uma operação de guerra no Hospital Estadual Getúlio Vargas para atender os feridos. Todas as cirurgias eletivas foram canceladas. Pacientes internados foram transferidos para outros hospitais. Na Vila Cruzeiro, moradores surpreendidos pelo fogo cruzado acenavam com bandeiras brancas.
Até o final da tarde, a polícia não divulgou o número de pessoas mortas na operação na Vila Cruzeiro. O Bope permaneceu na favela. A segurança do entorno ficou a cargo do Batalhão de Polícia de Choque. A Polícia Civil se retirou, mas voltará hoje para fazer buscas.
O chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, elogiou a contribuição da Marinha para o sucesso da operação:
– Ficou bem claro que, com esse equipamento, a Polícia Militar e a Polícia Civil conseguiram até com facilidade a tomada de um território que antes era tido por traficantes como local seguro. Ficou provado que o Estado unido e organizado entra em qualquer lugar. Que esse seja sinal bem claro para todos os traficantes.
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