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domingo, 28 de novembro de 2010

A INÉDITA UNIÃO DO APARATO ESTATAL

A inédita união do aparato estatal. HUMBERTO TREZZI | SUA SEGURANÇA ESPECIAL/RIO, Zero Hora, 26/11/2010

A visão de um batalhão de bandidos exibindo armas, em pleno horário nobre de TV, mostrou ao Brasil o tamanho da encrenca chamada guerra urbana. E gestou um pequeno, mas decisivo passo, rumo à tentativa do Estado de recuperar espaços perdidos há mais de duas décadas para o crime organizado.

Nunca se viu, no Rio ou em qualquer parte do território brasileiro, tamanha exibição de aparato bélico nas ruas. E, tampouco, tanta união entre forças de segurança, que costumam mais rivalizar do que colaborar entre si.

O Exército já incursionou pelo menos seis vezes pelas favelas cariocas nos últimos 20 anos. Algumas vezes, acompanhado da PM. A Marinha nunca teve participação visível nesse tipo de atuação, apenas para buscar desertores. A Força Aérea Brasileira raramente dá as caras em terra – e nem seria sua missão. Mas, em nome de um esforço que parece mais do que necessário, nesse momento de caos causado pela barbárie criminosa, as Forças Armadas compareceram em peso à convocação para o front interno carioca.

A Marinha foi a primeira, cedendo nove blindados decisivos para romper barricadas montadas pelos bandidos a partir de caminhões incendiados, armadilhas com ganchos e blocos de cimento jogados nas ruas. Com eles, 50 fuzileiros navais.

O Exército veio a seguir, de forma tímida e gradual, já que teme mergulhar em controvérsias – como aconteceu há dois anos, quando oficiais prenderam traficantes e os entregaram para uma facção inimiga, que os matou. Os escolhidos para a missão carioca, mais uma vez, foram os experientes integrantes da Brigada Paraquedista.

Foram eles que lideraram a tomada de 13 favelas em 2008, atrás de fuzis roubados do Exército, que acabaram recuperados. No sábado, a FAB compareceu, cedendo dois helicópteros blindados para observação e, se for o caso, uso como plataforma aérea para atiradores de elite.

Nas operações dos últimos dias, cada um tem papel bem definido. Fuzileiros e paraquedistas agem na contenção. Cercam a favela, ombro a ombro com PMs de batalhões de subúrbio, mas não ingressam nos morros. Essa missão, a mais delicada e perigosa, está entregue aos “caveiras” do Batalhão de Operações Especiais da PM (o Bope), de fama universal graças aos filmes Tropa de Elite I e II. Colaboram nisso, também, outras forças especiais da PM, como o Getam.

Por fim, a Polícia Civil faz dois trabalhos imprescindíveis. O primeiro é o rastreamento das comunicações dos bandidos e o mapeamento dos locais onde eles se escondem. O segundo é que, diferentemente de outros Estados, os policiais civis cariocas fazem policiamento repressivo também. Na tomada da Vila Cruzeiro e da Favela do Jacarezinho, agentes do Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), uma tropa de elite da Polícia Civil, mataram oito suspeitos.

E por que aconteceu essa união tão rara quanto desejável entre as forças da lei? Porque os bandidos mostraram musculatura. Nunca, antes da tomada da Vila Cruzeiro, o país tinha visto tantos criminosos, juntos e armados, um verdadeiro exército fora-da-lei. O que serve de alerta. Apesar de terem fugido, os traficantes se reorganizaram no Complexo do Alemão. E, ao contrário de outras vezes, resolveram reagir. Em 2008, quando o Exército ocupou 13 favelas, os bandidos recuaram. Esconderam armas e se misturaram à população.

Tudo indica que agora não será assim. Tanto que, sexta-feira, os criminosos passaram alvejando policiais, à distância. Provocando. Debochando. Isso dificulta um ataque frontal das polícias contra o bastião do tráfico. O mais provável é uma gradual asfixia dos pontos de venda de droga, motor econômico da estrutura criminosa.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA
- Trezzi, esta união só aconteceu porque as autoridades reconheceram que havia um exército paralelo, audacioso e poderoso dominando territórios e comunidades inteiras no Rio. O Governo do Rio que ficava no "feijão com arroz" deixou a humildade de lado e buscou apoio na União para vencer de vez esta guerra. Prontamente, o Presidente Lula colocou as forças armadas e polícias federais à disposição do Estado do Rio. Ações integradas bem planejadas, estratégias de sufocamento do tráfico, determinação dos comandos e autoridades, e a coragem dos militares e policiais da linha de frente proporcionaram o sucesso desta união inédita. Faltou o envolvimento dos congressistas que preferiram viajar a criar uma lei especial para este conflito para proteger os moradores e salvaguardar as ações das Forças Armadas.

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