Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

quinta-feira, 17 de março de 2011

JAPÃO - A CULTURA DA HONESTIDADE

EDITORIAL ZERO HORA 17/03/2011

Por mais pretensiosa que pareça a hipótese de os brasileiros copiarem o comportamento dos japoneses em situações de tragédias coletivas, é no mínimo inspiradora a postura da população do país destroçado por um desastre natural e sob a ameaça de uma hecatombe nuclear. É comovedora a lição que os japoneses transmitem ao mundo, ao preservarem, em meio ao caos e às expectativas de que a situação ainda pode piorar, condutas cotidianas de disciplina, espírito comunitário e, em especial, de honestidade. Relatos de correspondentes estrangeiros têm exaltado, na cobertura jornalística de todas as mídias, o fato de que o desespero dos japoneses não se traduz nunca em comportamento antissocial. Não há saques, ninguém se apropria do que não é seu, não se registram conflitos.

A atitude dos japoneses está longe de ser interpretada como mera resignação ao maior drama enfrentado pelo país desde a Segunda Grande Guerra. A síntese da postura da população está na mensagem que o imperador Akihito transmitiu ontem pela TV, numa de suas raras manifestações desde que assumiu há 22 anos. Disse o imperador que a nação deve perseverar, manter a noção de coletividade em primeiro lugar e, principalmente, ampliar a capacidade de uns ajudarem os outros. A mensagem de Akihito merece ser acolhida não só pelos japoneses, mas por todos os que vivem a consternação de acompanhar a progressiva degradação ambiental, econômica e social das regiões atingidas pelo terremoto e pelo tsunami. O Japão diz ao mundo, a seu modo, como é possível ser íntegro no pior momento de sua história.

É natural que tal comportamento acione interrogações e proporcione as mais variadas respostas. Como uma nação competitiva, que em menos de três décadas se reconstruiu, depois de uma guerra perdida, para se apresentar como uma das grandes potências econômicas mundiais, mantém intactos valores seculares? Que mecanismos preservaram noções rígidas de comunitarismo, num país em que a prosperidade individual, estimulada pela industrialização modernizadora e pela melhoria da qualidade de vida, não suplanta nunca o sentido do coletivo? De onde essa nação, com território equivalente à soma dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, tira forças para se manter digna da imagem forjada ao longo dos séculos?

Muitos fatores são listados como explicação: a própria cultura milenar, a religião, o forte sentido de família, a qualidade de vida e, o que mais importa, a educação. No Japão, as crianças são educadas e formadas sob rígidos princípios de lealdade, honestidade e honra, o que resulta no comportamento que qualquer povo, independentemente de heranças culturais e peculiaridades econômicas e sociais, pode, sim, imitar. Poderiam igualmente ser inspiradoras as virtudes de um país onde as leis são respeitadas, onde a população confia nas respostas do setor público às suas demandas e onde o interesse comum é exacerbado em momentos de crise e de sofrimento. Esse histórico de integridade do povo japonês o habilita à ajuda internacional, sem que os doadores se preocupem com desvios de socorros materiais ou financeiros. O que os habitantes desse país devastado nos oferecem é a dolorosa lição de que as tragédias se apresentam, infelizmente, como a grande prova para a defesa e o exercício radical de valores universais.

SOBRE ZH - 19/03/2011- O editorial de quinta-feira, dia 17, bem poderia ser “A cultura da lei”. No Japão, o que vigora é a lei, o sistema penal do país é rigoroso como mostra o exemplo abaixo. Os direitos humanos são os do cidadão e não do delinquente, do criminoso que é inimigo do Estado, ou seja, do cidadão. Diz o texto: “Poderiam igualmente ser inspiradoras as virtudes de um país onde as leis são respeitadas, onde a população confia nas respostas do setor público...”. Infelizmente, no Brasil não é assim, impera a cultura messiânica, de ícones promovidos pela imprensa com interesses apenas pelo poder, e não o bem público. José Aparecida de Castro Macedo. Aposentado – Santa Maria

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Seria bom sublinhar de que estas "condutas cotidianas de disciplina, espírito comunitário e, em especial, de honestidade", não são apenas reflexo de uma cultura, mas de uma postura de ordem pública construída por leis e costumes rigorosos que têm respaldo de um povo de tradição guerreira, de disciplina consciente e de sabedoria milenar, onde qualquer deslize significava a perda da cabeça ou suicídio, tudo pela honra do nome e dos antepassados.

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