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segunda-feira, 28 de março de 2011

MADUREIRA CONTINUA A CHORAR ASSOMBRADA PELA GUERRA DE QUADRILHAS


Um dos centros comerciais do Rio, bairro vive assombrado pela guerra de quadrilhas - Reportagem de Francisco Edson Alves e Leslie Leitão, O DIA 28/03/2011

Rio - Os conflitos entre bandos rivais pelo controle das bocas de fumo nos morros de Madureira se intensificaram a partir de setembro de 2009. Desde então, batalhas com trilhas sonoras iraquianas e cenas macabras — como a da cabeça de um desafeto jogada na principal via do bairro — passaram a integrar a rotina de pavor da população. Por trás dessa guerra, está o lucro dos criminosos. Investigação iniciada na 29ª DP (Madureira) e concluída pela 21ª DP (Bonsucesso), no inquérito 6871-2010, revela que a movimentação financeira das quadrilhas em conflito chega a R$ 2 milhões por mês.

Os morros da Serrinha e São José da Pedra — cuja mata dá fundos para o Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho — são os alvos principais da disputa. Nas duas favelas, quem dá as cartas também é o TCP. Pelo menos até a próxima investida dos bandidos do Comando Vermelho (CV), que dominam o Morro do Cajueiro, que fica do outro lado da Avenida Edgar Romero.

“A gente costuma deitar e levantar ouvindo tiros. Dormir sossegado é impossível. Mesmo quando não há batalha entre os bandidos, eles atiram a esmo, só para demonstrar poder. O medo de balas perdidas é constante. Até quando teremos de aturar tanta humilhação?”, desabafou Y., 49 anos. Ele o vizinho, O., 53, integram a parcela dos que sonham com uma UPP. “Do contrário, a matança vai continuar, assim como o desfile de ‘bondes’ de homens armados até os dentes”.

O pânico tem fundamento e encontra eco nos números. Em 2009, a 9ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) — que engloba 20 bairros da região — foi a região mais violenta do Estado, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP). Na época, a taxa de homicídios chegou a 60,38 por 100 mil habitantes, quase o dobro da média do estado (34,6). Em 2010, houve uma queda, mas os números permaneceram elevados. Foram 437 assassinatos — mais de um por ano — contra 515 do ano anterior.

Nas imediações do Mercadão de Madureira, que recebe média de 80 mil pessoas por dia, o clima é de tensão. Sábado à tarde, seguranças tentavam identificar consumidores de crack perambulam ali. “O movimento de clientes não caiu, mas a violência impede a vinda de mais consumidores”, lamentou o dono de uma loja de artigos religiosos.

Cracolândias provocam inseguranca

As imediações de favelas de Madureira se transformaram em verdadeiras cracolândias a céu aberto. É o caso da Rua Leopoldino de Oliveira, no pé do Morro do Cajueiro. Ao longo da via, que tem cerca de 400 metros de extensão, em plena luz do dia, crianças e jovens consomem crack, sem ser importunados. As bocas de fumo ficam nas ruas transversais à Leopoldino de Oliveira, protegidas por homens armados e barricadas.

Enquanto alguns viciados perambulam alucinados entre os carros, outros dormem nas calçadas, parecendo estar desmaiados. No meio da tarde de sábado, equipe de O DIA contou pelo menos 20 usuários na via.

Outros grupos podiam ser vistos sob o Viaduto Negrão de Lima, em praças e circulando perto do Mercadão de Madureira. “Vivemos um pesadelo que parece não ter fim. Até para sair de casa é difícil. Esses ‘malucos’ invadem as residências, atrás de comida e de moedas para comprar pedras (de crack). À noite, os isqueiros parecem vagalumes”, diz uma moradora.

Chefão invade favela rival para sequestrar desafetos

Após a macabra cena em que bandidos da Serrinha jogaram a cabeça do rival Valmir Bernardo da Silva, o Parazão, na Avenida Edgar Romero, em novembro, a guerra de Madureira saiu do centro das atenções. Mas quem mora ali escuta uma nova história a cada semana.

Mês passado, um dos chefeões da Serrinha, Marcelo da Silva Batista, o Lerdinho ou LD, passou a sequestrar traficantes rivais. Num carro preto, ele teria invadido três vezes o Cajueiro e capturado inimigos, levados para ser massacrados até a morte.

Imagens obtidas por O DIA mostram parte do ‘bonde’ de LD, ostentando fuzis e negociando cocaína em ampolas. Numa filmagem de dezembro, a caixinha de Natal enfeita a boca de fumo, onde um viciado coloca sua contribuição: “A ‘boca’ agradece”, responde um dos vapores.

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