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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WIKILEAKS - Liberdade x segurança

EFEITO WIKILEAKS. Liberdade x segurança, um tema que divide especialistas - LÉO GERCHMANN, Zero Hora 08/12/2010

As indiscrições do site WikiLeaks estão dividindo o mundo acadêmico: nem todos concordam com o aparente senso comum segundo o qual há um dilema entre preservar a liberdade de informação e garantir a segurança nacional. Especialistas em assuntos internacionais, como o geógrafo Demétrio Magnoli, compartimentam duas atribuições: cabe à imprensa divulgar os fatos; cabe aos governos adotar medidas que impeçam o vazamento do que julgarem estratégico.

– Vivemos um falso dilema. Liberdade de informação permite divulgação de informações públicas. A imprensa tem uma função, e o Estado tem outra – diz ele.

Desse “falso” ou “suposto” dilema, haverá uma consequência, segundo o geógrafo – os governos, especialmente o dos EUA, tratarão de proteger melhor suas informações confidenciais:

– A questão verdadeira é: os governos precisam se reformar para guardar segredos e definir melhor o que é confidencialidade. Do divulgado pelo WikiLeaks, 95% nem deveriam ser segredo, são segredos de polichinelo.

A cientista política Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), discorda em termos de Magnoli.

– Existe, sim, um dilema, algumas questões esbarram naquilo que se define como interesse nacional – diz, ponderando que “cada um (governo e imprensa) trabalha em uma esfera”.

O assunto é tão complexo, que Magnoli, defensor da liberdade de informação sem concessões, se diz um crítico do WikiLeaks. E Cristina, a defensora de limites no vazamento de informações que afetem a segurança nacional, se mostra entusiasta do site.

– Julian Assange está virando um herói mundial e é uma figura que me provoca náuseas. Ele não quer saber, não tem qualquer tipo de ética jornalística. Acha que a verdade está acima da segurança. Mas o WikiLeaks tem o direito de publicar, e se não houver o WikiLeaks, haverá outro site fazendo o mesmo – afirma Magnoli.

Já Cristina considera que “a liberdade de informação dos EUA entrou em xeque”:

– Ora, você critica China e Cuba devido à censura e depois persegue o responsável pela divulgação de fatos verdadeiros? É o faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

O professor de Direito Internacional Caio Gracco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), rejeita a acusação segundo a qual o WikiLeaks cometeu algum delito ao divulgar os documentos. E explica:

– Há alguém que descumpriu dever funcional de sigilo, e outro, o WikiLeaks, que divulgou as informações. Considera-se o vazamento ilegal, mas a publicação não é.

EFEITO WIKILEAKS. Perguntas no ar - LUCIANO PERES | EDITOR DE MUNDO

O cerco ao WikiLeaks levanta uma série daquelas perguntas que não querem calar. Para começar, algum crime efetivamente foi cometido pelo site? Ou Julian Assange e seus companheiros simplesmente seguiram a tradição do bom jornalismo, de revelar informações de interesse público, doa a quem doer? Outra questão: se o WikiLeaks é realmente culpado de espionagem, como acusam alguns líderes americanos mais indignados com o vazamento, não o seriam também os jornais The New York Times, El País, The Guardian e outros, que receberam e publicaram o material em primeira mão? Aliás, se o soldado Bradley Manning, o suposto responsável por obter as informações, tivesse repassado os telegramas diplomáticos vazados diretamente aos jornais, o resultado não teria sido exatamente o mesmo?

Culpa clara no episódio, mesmo, só a de Manning – afinal, o ex-analista de inteligência militar, 23 anos, hoje preso em Quantico, na Virgínia, infringiu leis e traiu a confiança de seus superiores. Enquanto servia no Iraque, ele copiou em um CD e passou adiante os dados que obteve na Siprnet, a rede de informações sigilosas do governo dos EUA. Denunciado pelo ex-hacker Adrian Lamo, com quem entrou em contato, acabou detido em 26 de maio passado. Agora, o americano corre o risco de ser condenado a até 52 anos de cadeia.

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