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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A FACE RADICAL DO ANTICHAVISMO


ZERO HORA 19 de fevereiro de 2014 | N° 17709


LÉO GERCHMANN


TENSÃO VENEZUELANA


CARACAS


A face da oposição venezuelana, que o presidente Nicolás Maduro descreve como fascista e golpista, tentando fazer dela o retrato de todos os críticos ao governo, é a de um economista de 42 anos, formado em Harvard, que foi prefeito da cidade de Chacao, na região metropolitana de Caracas, entre 2000 e 2008.

A origem política de Leopoldo López Mendoza é a mesma dos oposicionistas moderados como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles: o partido Primeiro Justiça. Em dezembro de 2006, porém, López deixou seus então companheiros e fundou a agremiação Um Novo Tempo. Três anos depois, num episódio não menos controverso, criou a sigla conservadora Vontade Popular, onde se perfila como líder nacional.

Enfim, de polêmica em polêmica, López desenha uma trajetória na qual não falta nem mesmo a acusação de ter desviado salários de funcionários quando era prefeito ou de ter recebido recursos indevidos da companhia de petróleo estatal PDVSA, cuja gerência cabia a Antonieta Mendoza, sua mãe. Tudo ele nega veementemente.

A polarização política que se acentuou na Venezuela durante os anos do chavismo uniu a oposição. Ontem, porém, Capriles já dava sinais de que não pretende acompanhar as práticas de López. Acusou-o de iludir os seguidores, argumentou que 2014 não é ano eleitoral, disse que lhe falta apoio popular e acrescentou que a Constituição tem lá seus caminhos para quem quer chegar ao poder.

Falou quase o mesmo que Maduro. Mostrou as fissuras da oposição.

Sabe-se que, por tudo isso, López é o líder dos opositores venezuelanos tidos como radicais, diferentemente de Capriles, com seu discurso de moderação. Foi ele o responsável por chamar os estudantes às ruas, via redes sociais. E é a ele que o governo responsabiliza pelas quatro mortes ocorridas em meio aos protestos. O slogan “La Salida” (A Saída, em espanhol) é visto como a senha para o golpe de Estado. A saída seria de Maduro, é claro, e não pelo voto popular.

López é filho da elite venezuelana. Vem de uma família ligada à indústria e, em especial, ao setor petroleiro, o mais importante do país. Conquistou alguma popularidade com seus discursos virulentos contra o chavismo. Mas o próprio governo americano já o definiu como “arrogante, vingativo e sedento por poder”, conforme documento vazado pelo site Wikileaks.





Opositor é preso antes de protesto

Acusado pelo governo de ser o responsável pela violência nas manifestações, López se entregou para as forças de segurança



Em um dia marcado por atos contra e a favor do governo do presidente Nicolás Maduro, o líder opositor venezuelano Leopoldo López se entregou ontem à Guarda Nacional, após comandar uma manifestação no município de Chacao, na área metropolitana da capital, Caracas. Erguendo o punho fechado e vestido de branco, López agarrou-se à estátua do revolucionário cubano José Martí e declarou que se entregava a “uma Justiça injusta e corrupta”.

Seus apoiadores tentaram impedir que ele entrasse num furgão da Guarda e gritaram: “Leopoldo, o povo está contigo”.

López estava foragido da Justiça desde a última quinta-feira, quando foi emitida uma ordem de prisão contra ele, sob a acusação de incitar a violência nas marchas opositoras que agitam o país há duas semanas e já deixaram um saldo de quatro mortes.

O paradeiro de López permanecia incerto até a conclusão desta edição. Maduro declarou que ele responderia por “sedição”. Segundo o presidente, havia um plano da “ultradireita de Miami e da Venezuela” para matar López e criar uma crise política.

Ante a suposta ameaça, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, foi incumbido de pegar seu próprio carro e levar López a “uma prisão fora de Caracas”, de acordo com Maduro.

Pouco antes das 10h (11h30min em Brasília), horário em que López convocara os antichavistas a se reunir na praça Bríon, um imenso cordão humano isolava os acessos ao local. Era formado por três filas de policiais. Atrás deles, blocos de soldados, portando escudos antibalas e escoltados por tanques. Sem números oficiais, estima-se que dezenas de milhares de pessoas foram protestar contra o governo.

– Vocês não percebem que esse governo está prejudicando a todos? Vocês são venezuelanos, não podem atacar outros venezuelanos – disse o ativista Rubem Piñeyro aos jovens uniformizados.

Em discurso no fim do dia, Maduro disse que a paz voltaria à Venezuela e que se venceria “o fascismo que pôs em tensão a sociedade”.

O governo atribui as mortes nos protestos à oposição, mas vídeos divulgados pelo site do Últimas Noticias sugerem que os disparos partiram de agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional).

Maduro exonerou ontem o chefe do Sebin, por seus comandados terem descumprido a ordem de não se infiltrarem nas manifestações.

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