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sábado, 22 de fevereiro de 2014

TRÊS GÊNIOS NAZISTAS

ZERO HORA 22 de fevereiro de 2014 | N° 17712


ARTIGOS


FRANKLIN CUNHA*




Uma das mais estranhas capacidades do ser humano é a de coexistir na mesma pessoa a genialidade e a maldade em graus superlativos. Na história da ascensão do nazismo, penso que não foram suficientemente analisadas as atuações de três gênios em suas respectivas habilidades e maldades. Refiro-me a Leni Riefenstahl, a cineasta, Joseph Goebbels, o propagandista, e Albert Speer, o arquiteto. Esse triunvirato transformou Hitler de um medíocre pintor em um grande ditador que magnetizou todo um povo dotado de sólidas tradições culturais. Tudo e todos financiados pela grande indústria e banqueiros alemães, destituídos de quaisquer pruridos de ordem moral.Pela primeira vez na história política, o cinema e o rádio foram empregados maciçamente para criar e promover um líder e uma ideia que sem esses recursos não teriam o sucesso que tiveram,fato que nos surpreende até hoje. Creio não estar suficientemente pensado o papel da cineasta Leni Riefensthal (1902-2003). Quando Heidegger disse que achava bonitas as mãos de Hitler, elas tinham sido filmadas por Leni.

Ao dirigir O Triunfo da Vontade (1935), disse que mostraria ao povo alemão a documentação de um acontecimento quando na realidade este foi organizado com a finalidade de reproduzir o acontecimento. Típico exemplo da arte refletindo a realidade e por sua vez a realidade interpretada pela arte. O que queria ser um documentário real, um cinema- verdade,Leni conseguiu filmá-lo com certos“efeitos especiais” produzidos por uma complexa elaboração técnica estudada previamente por muito tempo, planejamento e trabalho.As tomadas das massas magnetizadas com a figura de Hitler foram pensadas a priori como cenários do filme. Existe documentação fotográfica mostrando Leni e Hitler inclinados sobre desenhos de cenários preparando conjuntamente o ato público e o filme.Assessorada por Albert Speer, o arquiteto preferido pelo Fuhrer, Leni fez tomadas aéreas de ângulos especiais filmados de altas plataformas e gruas por quem sabia os detalhes de como se realizaria o espetáculo de massas condicionadas para ver e ouvir seu líder. Os desenhos de Speer deviam coincidir com os ângulos das câmeras de Leni. Foi tão bem preparado o filme que pretendia ser a reprodução da realidade com a espontaneidade das massas aplaudindo Hitler, que, quando algumas tomadas do filme saíam defeituosas estas voltaram a ser filmadas à parte. Streicher, Rosenberg e Hess tiveram que repetir seus discursos em um estúdio anexo. Segundo Susan Sontag,“a realidade foi construída e depois substituída pelo filme”. O totalitarismo nazista usou a palavra através do rádio e a imagem através do cinema consciente da capacidade subliminar que ambas têm de influenciar as massas e assim apagar os limites entre a ilusão e a realidade. Da palavra encarregou-se Joseph Goebbels (1897- 1945),gênio articulador de fantasiosas mentiras que segundo ele se tornam verdades pela repetição insistente. Tão bárbaro, que antes de se suicidar matou seus seis filhos e a esposa.


A paixão de Hitler pela arte e pela arquitetura foi estimulada pelo arquiteto Albert Speer (1905-1981), que planejou os gigantescos cenários e edifícios para satisfazer os anseios de grandeza de seu chefe.Mais tarde,foi responsável por toda a produção bélica da Alemanha. Ainda hoje em Nuremberg veem-se monumentos e edifícios projetados por Speer construídos com as pedras talhadas por prisioneiros dos campos de concentração. As técnicas de criação de subjetividades, de ídolos carismáticos e de desejos coletivos boladas pelos gênios nazistas hoje estão grandemente aperfeiçoadas e universalmente difundidas. Para que não nos suceda o que aconteceu com o povo alemão na década de 30 do século 20,todo cuidado é pouco.

*Médico


Leni Riefenstahl, a cineasta


 Joseph Goebbels, o propagandista


Albert Speer, o arquiteto

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