Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

SENHORES NOSSOS E DOS TEMPOS


ZERO HORA 12 de fevereiro de 2014 | N° 17702


PAULO SANT’ANA



Senhores ex-grevistas que estais no céu, maldita seja a greve que deflagrastes sobre a população durante 15 dias, causando prejuízos não só consideráveis como terríveis sobre 1 milhão de passageiros indefesos que subjugastes sem piedade.

Agora destes uma trégua à cidade, embora ameaçais que podeis voltar à greve a qualquer momento. Vós podeis voltar à greve no instante que vos aprouver, vós sois os senhores do tempo e da razão, nada resta a todo o povo que não seja submeter-se ao vosso arbítrio.

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Senhores ex-grevistas e, segundo vós próprios, futuros grevistas no instante que assim decidais, tende piedade de nós, que dependemos vitalmente do vosso despudor de entrar em greve e não deixar sequer um ônibus trafegando, quando a lei manda que durante a greve trafegue no mínimo 30% da frota, moderai os vossos ímpetos totalitários e permiti que a cidade funcione paralelamente ao vosso poder ilimitado.

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Senhores ex-grevistas vitoriosos na chantagem que exercestes sobre os poderes constituídos, muito obrigado pela trégua, obrigado por usardes só 15 dias do ano para manterdes os ônibus retidos à força nas garagens, poderíeis mantê-los parados durante o ano inteiro. Muitas graças por terdes imposto vosso tacão sobre o povo durante apenas 15 dias, nunca esqueceremos essa vossa decisão compassiva.

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Senhores ex-grevistas, vós destes um show de como manipular as autoridades em todos os dias de greve, assinando perante a Justiça do Trabalho o fim ou o abrandamento da greve num dia e rasgando descaradamente esse compromisso no dia seguinte, fazendo de bobos os porto-alegrenses e de tontas confiantes as autoridades.

Vós fostes exemplares nesses logros e nessas falcatruas negociais de greve! Vós fostes verdadeiros prestidigitadores ao burlar a todo instante as leis, desafiando a ordem e apunhalando a justiça social e o regulamento da greve, que nunca jamais permitiu que os serviços essenciais paralisem em 100%, o que vós conseguistes com meia dúzia de assembleias gerais da vossa categoria que conduzistes muitas vezes fraudulentamente, algumas das quais não permitindo que milhares de grevistas voltassem a trabalhar, porque essa era sua vontade urgente, quando vós manipulastes criminosamente as votações e as tendências.

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Senhores ex-grevistas e futuros grevistas. O panorama social é vosso escravo, fazei dele o que bem quiserdes e entenderdes. Essa greve provou que os senhores são detentores de um poder extraordinário sobre a cidade e sobre os que a governam, baixai sobre toda a cidade o vosso domínio sem limites.

Vós provastes que não há lei que vos supere ou norteie. Exercei a vossa inclemência poderosa sobre todos os corpos e corações dos porto-alegrenses, mas, cuidado, não vades com muita sede ao poço, porque esse exercício arbitrário das próprias razões já começa a fazer gerar um ódio incontrolável entre as pessoas.

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